TECNOLOGIA

Filhos virtuais podem se tornar alternativa para casais no futuro

Especialista em Inteligência Artificial diz que alguns pais poderão optar por não terem crianças reais

Por: Daiana Rodrigues Pereira
Da redação | 30 de setembro de 2022 - 21:59

Já pensou em ter um filho (a) que não traz preocupações, nem despesas e que pode ser “desligado” quando você quiser? Por mais que esse cenário pareça ficção científica, é algo que poderá ocorrer no futuro, de acordo com uma das principais autoridades britânicas em Inteligência Artificial e tecnologias emergentes, Catriona Campbell.

“Estamos em um ponto de inflexão na história e devemos planejar para garantir uma coexistência bem-sucedida com a inteligência artificial”, afirma a descrição do livro “Um plano para viver com inteligência artificial”, lançado por Campbell. Segundo ela, a mudança dos costumes familiares usando o metaverso poderá ajudar o mundo a evitar uma superpopulação mundial. Além de ser uma alternativa para casais que têm dificuldades em ter filhos.

Estas seriam as crianças “tamagotchi”, diz a especialista, se referindo aos brinquedos famosos nos anos 2000, criados por uma empresa japonesa, em que o único objetivo era manter o bichinho de estimação vivo. As pessoas tinham que prestar atenção na alimentação dele, o lazer e “dar carinho” para mantê-lo, caso contrário, ele morria e a pessoa perdia o brinquedo. A ideia é a mesma com as crianças em relação ao cuidado com o personagem virtual.

Como funcionaria?

Filhos virtuais

A experiência dos pais poderá ser aprimorada a partir de luvas high-tech. (Foto: Pexels)

O metaverso funciona como um mundo paralelo, em que uma pessoa se conecta virtualmente. Por meio de óculos especiais, a pessoa pode sentir-se dentro do cenário escolhido. E para tudo ficar mais “real”, poderão ser usadas luvas high-tech para possibilitar o toque em outras pessoas que também estão no ambiente virtual. Dessa forma, os usuários poderão lidar diretamente com os “filhos(as)”.

Ali os pais serão capazes de criar todo um ambiente familiar com a criança virtual, desde estudar com ela, assim como brincar e entre outras opções. Pelo que Campbell diz, os pais do futuro terão até a chance de escolher a idade dos filhos virtuais e a velocidade de crescimento deles. Tudo isso por uma módica taxa mensal.

Uma das teses de Campbell para defender a ideia das crianças virtuais são os gastos que uma criança na vida real traz para os pais, o que se torna cada vez mais difícil para muitos casais. Segundo a pesquisa YouGov, cerca de 10% dos casais sem filhos escolhem não os ter devido ao alto custo de criá-los. 

Além disso, “com base em estudos sobre casais que escolhem permanecer sem filhos, eu acredito que é razoável esperar ao menos 20% das pessoas escolhendo ter um bebê virtual em vez de um real”, declarou a escritora em uma entrevista ao jornal britânico The Daily Telegraph. Ela também ressalta que será um grande pulo tecnológico para a humanidade dado seu impacto na população global e nas mudanças sociais.

Catriona explica que, por mais que pareça impossível que isso ocorra, a situação é, na verdade, apenas uma forma de “enxergar” o futuro. Ela dá o exemplo de como as pessoas viviam antigamente sem celulares, TVs e aparelhos tecnológicos. Ninguém imaginava que poderia entrar em uma videochamada, e ver e ouvir, outra pessoa por uma simples tela. Aliás,  nem tinham conhecimento dessa palavra também. “Portanto, é apenas uma questão de tempo”.

Leia também:
Amazon lança produto de controle de sono e primeiro Kindle que pode escrever

Tema de série para TV

Para os curiosos nesse mundo futurístico, já existe uma série que aborda as invenções tecnológicas que podem afetar a sociedade. Um dos episódios retrata exatamente o metaverso e como as pessoas podem escolher “viver lá”, ao invés da vida real. É a chamada série “Black Mirror”.

Entretanto, o cenário apresentado pela série é outro. Dois amigos entram em um jogo no metaverso. Mas, ao invés de óculos, como ocorre no mundo atual, eles usam um dispositivo para “se desligarem” da vida real e entrar no ambiente virtual. Ali os dois jogam e também começam a se envolver emocionalmente com o personagem do game.

Embora as histórias sejam diferentes, o envolvimento entre pais e crianças virtuais seria o mesmo.

Assista um teaser do episódio “Striking Vipers” da quinta temporada de Black Mirror.

+ DESTAQUES