Com tantas opções tecnológicas que facilitam os encontros amorosos parece ser impossível ficar sozinho. Até porque, a levar em conta os perfis exibidos nas redes, trata-se de um mundo de gente perfeita, sem qualquer defeito ou deslize. Pessoas que, supostamente, seriam os maridos, namorados/as, esposas dos sonhos ou o “match” perfeito. Porém, infelizmente, a internet não pode garantir que as coisas vão dar certo.

Acontece que a grande gama de aplicativos apenas oferece os melhores possíveis “matchs” para o/a internauta com base em algoritmos. Ali, também, a pessoa coloca as qualidades que admite ter, em geral, escondendo os defeitos. Com base nesse cenário, pesquisas científicas passaram a estudar quais são as características mais buscadas pelas pessoas e os defeitos mais evitados em um novo parceiro(a).

Fatores levados em conta na hora de decidir por um par “perfeito”

Embora as pessoas busquem, de forma mais insistente, por parceiros/as com determinadas qualidades que elas admiram, psicólogos observaram que, na verdade, são os defeitos do indivíduo que serão decisivos na hora de iniciar um relacionamento. De acordo com o artigo “Sete pecados mortais de potenciais parceiros românticos: os negociadores da escolha do companheiro”, publicado pela revista Science Direct, os traços negativos do possível “match” podem ser ainda mais importantes do que as positivas durante a decisão final.

Para o psicólogo Julio Peres, Doutor em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da USP, a experiência clínica aponta para relacionamentos cada vez mais decepcionantes e breves para aqueles que têm procurado o par perfeito pelos sites. “Paradoxalmente, as mesmas pessoas frustradas por não encontrarem o par perfeito, de maneira inconsciente, também não possuem os mesmos traços saudáveis de personalidades que buscam no outro. Em geral, não são confiáveis, éticos, mentem e manipulam disparando mensagens copy/paste para vários potenciais relacionamentos simultaneamente”, afirma ele.

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Ainda segundo o artigo da Science Direct, alguns fatores são levados em conta por grande parte das pessoas na hora de decidir se um relacionamento com uma pessoa nova vale a pena, como: se o parceiro (a) tem filhos, vive muito longe, e se tem um baixo desejo sexual. Além disso, segundo a pesquisa, as mulheres costumam observar mais se o homem é preguiçoso, carente e tem baixa autoconfiança. Os participantes mais velhos também foram considerados mais exigentes do que os mais jovens.

Mas, afinal, os opostos se atraem?

Psicólogo diz que afirmação sobre opostos se atraírem é errada. (Foto: Pexels)

De acordo com o Dr. Julio, não. Assim como a afirmação de que as pessoas parecidas se relacionam melhor também não é verdadeira. Ele explica que “os relacionamentos afetivos podem ter pontos de equilíbrio”, em que as diferenças dos traços de personalidade dos parceiros seja algo saudável. Mas, em geral, “grande parte das pessoas tem procurado complementaridades amorosas, confiáveis, generosas, leais, justas, éticas, afetuosas, responsáveis, enfim, alguém com virtudes que pudesse trazer harmonia”, diz Peres.

Peres afirma que o processo para encontrar a pessoa adequada ocorre de dentro para fora. Ou seja, é necessário o cuidado pessoal do bem-estar para que não precise depender de outra para ser feliz. Ou como diz o psicólogo,  “sermos os nossos próprios salvadores”. Além disso, “ao contrário do que o senso comum imagina, esta independência – literalmente não dependência emocional – ao invés de nos distanciar, nos aproxima dos outros. Este é um possível caminho, se tivermos consciência e visão a respeito para construí-lo.”, aconselha Julio.