Giuliani, que foi prefeito de Nova York e advogado de Trump, também foi acusado de vender indultos
O ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, está sendo processado por abuso sexual e roubo de salários, por uma ex-funcionária de seu escritório de advocacia, em Nova York. Noelle Dunphy, uma profissional de relações públicas de Nova York que trabalhou como assessora de Giuliani entre 2019 e 2020, pede US$10 milhões de indenização por “danos morais e materiais”.
Dunphy acusa Giuliani por abuso ilegal de poder, agressão e assédio sexual generalizado, roubo de salário e outras más condutas. O político teria deixado de pagar US$2 milhões em salários. Ela também diz ter ouvido de Giuliani uma afirmação de que ele vendia indultos presidenciais, por US$2 milhões, em conivência com o então presidente Donald Trump.
A ex-assessora alega que era forçada a fazer sexo oral em Giuliani enquanto ele falava ao telefone com clientes importantes, como o próprio Donald Trump, e era obrigada a trabalhar nua ou de mini shorts com uma bandeira dos EUA que Rudy havia comprado pra ela.
Dunphy contou que Giuliani bebia de manhã, ao meio-dia e à noite e estava frequentemente embriagado, de modo que o comportamento do político era sempre imprevisível. Disse ainda que ele tomava Viagra constantemente e dizia que não poderia fazer nenhum trabalho até que ela o satisfizesse sexualmente. Segundo a ex-assessora, cumprir as exigências sexuais de Giuliani, a qualquer hora e em qualquer lugar, era uma condição absoluta para manter o seu emprego.
Crimes praticados a mando de Trump
O processo de Duphy detalha uma conversa com Giuliani em 16 de fevereiro de 2019, quando o advogado tentava descobrir sujeiras no exterior envolvendo o nome do então ex-vice-presidente Joe Biden, antes da corrida presidencial de 2020 contra Trump.
Noelle Dunphy contou aos promotores de justiça que enquanto revisava e-mails de Giuliani trocados com funcionários do governo ucraniano, a ex-assessora perguntou se ele não deveria se registrar como agente estrangeiro sob a Lei de Registro de Agentes Estrangeiros, se oferecendo para fazer a papelada necessária para o registro. Mas o ex-prefeito teria respondido que tinha permissão para violar aquela e outras leis dos EUA porque “ele tinha imunidade”, de acordo com o processo.
Noelle revelou ainda que Giuliani perguntou “se ela conhecia alguém que precisava de perdão” porque ele estava “vendendo indultos por US$ 2 milhões, valor que era dividido com o presidente Trump”. A denúncia detalha que Giuliani teria dito a ex-assessora que ela poderia encaminhar indivíduos em busca de indultos, desde que os nomes dos beneficiários não passassem pelos canais normais do Gabinete do Procurador da República.
Durante a presidência de Donald Trump, foram concedidos muitos indultos a indivíduos ricos ou bem relacionados, sem a anuência da procuradoria, um setor do Departamento de Justiça encarregado de revisar as petições de clemência executiva e fazer recomendações sobre se uma determinada petição deveria ser concedida ou não.
Os advogados de defesa de Rudolph Giuliani negam todas as acusações e dizem que o ex-prefeito provará sua inocência no Tribunal de Manhattan. Em um comunicado à imprensa os assessores do político disseram que Dunphy é uma “acompanhante acostumada a roubar homens ricos”.