Com a escassez de energia em muitos países, europeus dão início a uma rede de solidariedade
A França iniciou o envio de gás para a Alemanha pela primeira vez desde o início da guerra na Ucrânia, como um primeiro passo na colaboração entre os países europeus, diante da crise energética provocada pelo corte no fornecimento de gás e petróleo pela Rússia. Vladimir Putin tem sido acusado de usar o fornecimento de gás como arma contra a ajuda que o Ocidente vem dando a Ucrânia desde o início da invasão.
Com a escassez de combustíveis enfrentada pelos países europeus, a União Europeia se mobilizou para promover uma rede de solidariedade energética. A França é menos afetada pelo corte no fornecimento de petróleo e gás da Rússia. De um lado, porque suas necessidades de gás e petróleo são atendidas, em grande parte, pela Noruega. De outro, porque o país dispõe de 62 usinas nucleares, que garantem a demanda por energia elétrica, até com excedentes, embora parte dessas usinas passem por frequentes paralisações para manutenção. Outros países do bloco europeu devem aderir a esse acordo de solidariedade.
Países da União Europeia enfrentarão tarifas recordes de energia neste inverno. De acordo com a Agência Internacional de Energia são grandes as chances de ter um racionamento de gás no inverno, uma consequência perversa da guerra. Com as contas mais altas o padrão de vida europeu deve cair nos próximos meses.
Inverno rigoroso
O Centro Europeu para Previsões Climáticas alertou que o próximo inverno, que terá início em Dezembro, no hemisfério norte, será um dos mais rigorosos das últimas décadas. Seus efeitos já começarão a ser sentidos ainda no, durante o mês de Outubro. Mas o pior mesmo virá a partir de Dezembro, com a mudança de estação.
O fenômeno La Niña contribui para intensificação do frio e de secas mais severas, que têm sido observadas na Europa. Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudanças Climáticas Copérnico em nome da UE, disse: “La Niña tende a causar perturbações aos ventos do oeste, criando alta pressão sobre a Europa, como os modelos estão mostrando para o início do inverno. Há uma chance maior do que a habitual de ter um surto frio no início do inverno”.
Buontempo disse que se as previsões estiverem corretas, as temperaturas mais frias vão aumentar a dependência do gás, ao mesmo tempo em que a mudança dos ventos tendem a reduzir o desempenho das centrais eólicas e hidrelétricas.
Caso seja confirmada a escassez que vem sendo prevista por órgãos independentes, as autoridades possuem um plano de prioridades. Primeiramente, cortar o fornecimento para as empresas e indústrias. Tanto na França como na Alemanha, os governos estão decidindo quais setores serão sacrificados primeiro. A UE pediu aos países membros uma redução de consumo de gás de pelo menos 15%.
Contudo, medidas de racionamento já estão sendo aplicadas em diversas nações do bloco. A Itália lançou no primeiro semestre uma “operação termostato” para reduzir a calefação e o uso de ar-condicionado em escolas e na administração pública, uma iniciativa que foi copiada por Espanha e Alemanha. Na França, o governo sugeriu às empresas que, ao longo do inverno, reduzam a utilização dos equipamentos de calefação nos escritórios e sedes empresariais.