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Europa está vencendo a guerra da energia contra Moscou

Preços do gás voltaram ao nível anterior à guerra na Ucrânia e o racionamento severo não aconteceu

Por: Carlos Taquari
Da redação | 8 de março de 2023 - 15:01
Associated Press

Um ano após a invasão da Ucrânia pela Rússia, o pior cenário para os países europeus já foi afastado. Os preços do gás para aquecimento doméstico voltaram aos níveis anteriores ao início da guerra, depois que os governos dos países da União Europeia, principalmente a Alemanha, diversificaram suas fontes de abastecimento.

Nas palavras da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, “Vladimir Putin perdeu a guerra da energia que ele mesmo começou”.

Ao reduzir as exportações de gás e petróleo, Putin fez duas apostas que fracassaram: esperava que os países do bloco europeu pressionassem a Ucrânia para aceitar um acordo com a Rússia, cedendo o controle dos territórios ucranianos ocupados pelas tropas russas. Isso não aconteceu, a exemplo da população ucraniana, que se manteve fiel ao governo do presidente Volodymyr Zelensky e rejeita um acordo que não leve a uma retirada das tropas russas dos territórios ocupados.

Mas não se pode esquecer que essa vitória do bloco europeu contra a estratégia de Putin teve um alto preço: juntos, os países do bloco gastaram cerca de 1 trilhão de dólares, em subsídios para garantir o fornecimento de gás para aquecimento doméstico, ao longo do inverno no hemisfério norte. E esse gasto acaba se refletindo nas contas públicas.

Possível recessão

A vitória contra Putin não esconde um outro cenário sombrio que se espalha pela Europa: uma possível recessão econômica, provocada, entre outros fatores, pelos juros altos, que travam investimentos e pelos gastos governamentais acima do orçamento.

A inflação na zona do euro alcançou a média de 5,6%, excluindo-se os preços da energia e alimentos, índice recorde para a região. Diante desse cenário, o Banco Central Europeu pretende manter a taxa de juros em torno de 4%, a fim de evitar um ciclo vicioso de aumentos de preços e salários.

A presidente do ECB, Christine Lagarde, afirma que a intenção “não é quebrar a economia”, com as altas taxas de juros. Mas, segundo ela, o objetivo é evitar uma escalada inflacionária.

Economistas dos países da zona do euro e de empresas privadas admitem que os governos falharam em não adotar providências mais rigorosas, a fim de evitar o aumento da inflação e a queda no desempenho econômico. A economia da Alemanha, o carro-chefe do bloco europeu, sofreu uma retração de 0,4% no final do ano passado, um perigoso sinal para os demais integrantes da UE.

O risco de recessão, segundo a maioria dos economistas, não está afastado. Para se ter uma ideia, o consumo de alimentos na França caiu 4,6% no ano passado, índice nunca visto desde 1960. Esse fato contribui para ampliar os protestos contra o governo de Emmanuel Macron, que já enfrenta uma difícil batalha contra os sindicatos por conta de seu projeto de aumentar o limite de idade para aposentadorias, de 62 para 64 anos. Nesse ponto, não se pode esquecer que a França já teve um limite de 65 anos, derrubado por François Mitterrand, na década de 80.

Olhando para um quadro mais amplo, a China está se posicionando para se tornar o segundo maior exportador de carros de passageiros em breve. A Europa precisa investir para manter sua posição no topo deste setor. Os Estados Unidos aumentaram os investimentos em 35,9%, entre 2008 e 2022, enquanto a Europa investiu apenas 4,8%.

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