O atual presidente recebeu mais de 52% dos votos válidos. Opositor se queixa do uso da máquina do governo
O presidente Recep Tayyip Erdogan foi reeleito neste domingo para mais mais cinco anos como presidente da Turquia. Ele obteve 52,14% dos votos, faltando poucos votos para serem apurados, e não pode mais ser alcançado pelo seu rival, Kemal Kilicdaroglu.
Seu opositor, se queixou de que a eleição foi injusta e acusou Erdogan de mobilizar a máquina do governo para garantir a vitória.
A vitória de Erdogan já era esperada, uma vez que ele conquistou 49,5% dos votos no primeiro turno, contra 44,8% do adversário.
O resultado reflete as divisões existentes no país, que vão da política, passando pela economia e chegam à questão religiosa.
Erdogan implantou um regime baseado no nacionalismo associado à corrente religiosa dos muçulmanos sunitas, no qual as minorias são vistas como uma ameaça à segurança do país.
Por sua vez, Kilicdaroglu é membro da minoria étnica muçulmana Alevi, o que acabou pesando contra ele num país onde o islamismo ainda predomina em amplas faixas da população.
Além disso, o opositor segue os princípios deixados por Kemal Ataturk, que liderou as mudanças registradas no país, após a Primeira Guerra Mundial. Para Ataturk, o progresso depende de uma interpretação secular da modernização, baseada no positivismo europeu, que valoriza a ciência e a educação, reduzindo a influência da religião na vida pública. Com esse projeto, Ataturk desencadeou uma onda de progresso e modernização na Turquia que, mais tarde, foi sufocada pelos regimes que o sucederam.
No campo econômico, Erdogan, que está há 20 anos no poder, comandou um crescimento econômico na primeira década de governo. Mas, aos poucos, o país começou a mergulhar novamente no atraso. A moeda turca, a lira, perdeu 80% de seu valor em relação ao dólar, nos últimos 4 anos. A inflação beira os 80%, desde o ano passado.
Ao contrário do que recomendam os economistas, que defendem um aumento nas taxas de juros para combater a inflação, Erdogan fez o oposto. Reduziu as taxas, o que turbinou os índices inflacionários.
Agora, com a nova vitória nas urnas, o governo terá de adotar medidas rigorosas, para conter a inflação e devolver, pelo menos em parte, o poder aquisitivo da população.