A Walt Disney Company decidiu cancelar os planos de um novo empreendimento na Flórida, que iria exigir investimentos de 867 milhões de dólares e gerar 2.000 empregos. A decisão é mais um passo no conflito entre a empresa e o governador republicano Ron DeSantis.

O projeto da Disney seria construído na região de Lake Nona, perto de Orlando. O empreendimento iria abrigar, entre outras áreas, a unidade de desenvolvimento voltada para o mundo digital batizada de “The Imagineers”. A maior parte dos 2.000 trabalhadores necessários para tocar o projeto seria de funcionários que hoje estão locados em setores da empresa na Califórnia, que seriam transferidos para a Flórida.

As relações da empresa com DeSantis se deterioraram quando o governador decidiu, com apoio do legislativo local controlado pelos republicanos, que o Estado da Flórida iria assumir o controle administrativo de áreas ocupadas pela Disney. Isto significa que a empresa iria depender de autorização do governo para promover reformas, modernização e até a instalação de equipamentos. Até então, a administração da área conhecida denominada Reedy Creek Improvement District, que abriga o chamado Walt Disney World, era de responsabilidade da empresa, incluindo a infraestrutura e até mesmo o Corpo de Bombeiros.

Os parques da Disney atraem 50 milhões de visitantes/ano. (Foto: Associated Press)

A decisão do governador foi vista como represália pelo fato de que a empresa não apoiou uma legislação criada por DeSantis proibindo a discussão sobre orientação sexual ou identidade de gênero nas escolas públicas.

Os parques da Disney na Flórida atraem cerca de 50 milhões de visitantes por ano e mantêm cerca de 70.000 funcionários. A direção da empresa acusa o governo estadual de mover uma “incessante campanha” contra a Disney.

Em recente encontro com investidores, o CEO da Disney, Bob Iger, questionou se a Flórida ainda tem interesse em manter a empresa no Estado:

“Será que o Estado ainda espera que façamos novos investimentos, que sejam criados mais empregos e mais pessoas possam pagar impostos, ou não?”, perguntou Iger.