Com a inflação acima de 100% e o dólar na proporção de 1 para 442 pesos, a Argentina está à beira de um colapso econômico. Mais de 40% da população está na linha de pobreza – aqueles que ganham menos de 2 dólares por dia – e os demais lutam contra a desvalorização dos salários e os aumentos nos preços de alimentos, combustíveis e demais produtos.

Diante desse quadro, a popularidade do presidente Alberto Fernandez despencou. Nas pesquisas para as eleições presidenciais de Outubro, ele aparece com menos de 20% das intenções de voto e correria o risco de ser derrotado por ampla margem. Fernandez anunciou neste final de semana que desistiu de tentar a reeleição, a exemplo da vice-presidente, Cristina Kirchner, que muito antes já havia tomado a mesma decisão.

Com a saída de Fernandez da disputa, os peronistas e kirchneristas – braço do peronismo liderado pela vice-presidente – já disputam quem vai concorrer à presidência, mesmo diante do quadro econômico atual. O atual embaixador no Brasil, Daniel Scioli, aliado de Cristina, desponta como um dos principais pré-candidatos, ao lado do ministro da Economia, Sergio Massa. Esse último já tentou a presidência, em 2015, ficando em terceiro lugar, com menos de 20% dos votos.

Na oposição, destacam-se o atual prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta, apontado como um dos mais prováveis vencedores das eleições primárias da aliança Juntos pela Mudança. Larreta, que representa a centro-direita, tem um perfil moderado, que pode ser seu principal capital político na disputa.

Mais à direita coloca-se Patrícia Bullrich, que tem um passado peronista, mas se mudou para o campo oposicionista. Foi ministra no governo de Maurício Macri, o ex-presidente adversário de Fernandez e Kirchner, que também não vai se candidatar.

Ainda mais à direita está o ultraconservador Javier Milei, figura polêmica, conhecido pelos pesados ataques que faz ao atual governo. Economista e deputado pelo partido Avança Liberdade, promete acabar com a crise econômica, alterando radicalmente o modelo atual que se baseia em forte intervenção do Estado na economia.

Nas pesquisas mais recentes, Fernandez perde Larreta, Bullrich e Milei, todos com ampla vantagem sobre o atual presidente.