As mudanças climáticas estão aquecendo o Ártico numa proporção 7 vezes maior do que o restante do planeta
Gás, petróleo e minerais raros. O Ártico guarda algumas das maiores riquezas do planeta. E o degelo provocado pelo aquecimento global expõe boa parte desses tesouros que ainda permaneciam ocultos. As mudanças climáticas estão aquecendo o Ártico numa proporção 7 vezes maior do que o restante do planeta. A diminuição da camada de gelo facilita a exploração, daí a corrida já iniciada pelas grandes potências.
Para os países que têm uma base terrestre no Ártico, como os Estados Unidos, Canadá e Rússia, fica mais fácil construir e operar bases navais e aéreas na região.
Para se ter uma ideia do interesse despertado pelas riquezas existentes no Polo Norte, a Rússia ampliou e modernizou 50 instalações militares que já possuía na região e construiu três novas bases para operação terrestre, aérea e naval.
Entre as riquezas existentes por lá, além do gás e petróleo, incluem-se minerais raros, alguns bem pouco conhecidos, como o Neodymium e Praseodymium, componentes essenciais das turbinas eólicas.
O problema é que a exploração dos recursos naturais do Ártico não está prevista em tratados específicos. Atualmente, o único acordo existente sobre o tema é a Convenção das Nações Unidas para o Mar, que trata de todos os oceanos.
De acordo com esta Convenção, os países têm o direito de explorar os recursos minerais existentes em suas plataformas continentais. A Rússia alega que sua plataforma vai além do Polo Norte e se estende por diversas áreas no entorno.
Os demais países com interesses na região discordam. Isto porque, do ponto de vista geológico, ainda não foi esclarecido até onde vai o limite da plataforma continental, numa região como o Ártico.
Esta definição depende de um amplo trabalho de especialistas em Geologia, o que deve provocar extensas discussões, diante dos interesses estratégicos e econômicos existentes.
Interesses envolvidos
Tudo isso está relacionado com os recursos submersos. Mas existe ainda a questão do controle sobre a superfície, uma vez que navios militares e mercantes passaram a circular pela região, após o degelo. Duas novas rotas foram abertas pelo extremo norte do Canadá e Rússia, que permitem reduzir o tempo das viagens entre a Ásia e Europa. O Canadá tem jurisdição sobre a maior parte da Passagem Noroeste e a preocupação do governo canadense está mais relacionada com a segurança. Já a Rússia controle a Passagem Norte, em torno da Sibéria e seu foco se divide tanto na questão militar como a econômica.
Com tantos interesses envolvidos, só resta esperar que as divergências sejam resolvidas por meios pacíficos, com base em tratados internacionais aceitos por todas as partes.