O arco de luz, visto em todos os continentes, deixa intrigados os observadores do campo magnético da Terra
The Washington Post
Enquanto observava uma aurora um tanto sem brilho, a fotógrafa amadora Donna Lach viu algo que não reconheceu: uma estranha luz roxa acompanhada por “uma bolha verde” que apareceu de repente. “Esse arco rosa se estendeu acima de mim”, disse Lach, que vive na comunidade de Plumas, em Manitoba, uma província do Canadá. “Eu realmente não sabia o que era.” Ela estava vendo algo mais raro do que uma aurora. Era Steve. O nome vem da abreviação em Inglês para: Strong Thermal Emission Velocity Enhancement (Aprimoramento da Velocidade de Emissão Térmica).
O fenômeno não é uma aurora boreal, mas você pode pensar nele como um primo tímido e distante. Poderia fazer parte da família, mas tem um estilo próprio e distinto. Em geral, aparece como um longo e fino arco roxo e branco, às vezes acompanhado por uma estrutura que se parece com uma cerca verde. É mais fraco e mais estreito e ocorre em latitudes mais baixas do que a maioria das auroras. Também é mais difícil de prever.
O arco de luz já foi observado em todos os continentes, com maior incidência no Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e Austrália, embora isso possa ser em parte resultado da alta conscientização do fenômeno nesses locais.
Com o aumento da atividade solar, previsto para os próximos anos, os cientistas acreditam que o público terá muitas oportunidades de observar o fenômeno, em todos os continentes.
Veja o vídeo produzido pela Nasa que mostra em detalhes a aparição do fenômeno Steve.
Diferenças entre Steve e a Aurora
Steve e a aurora são fenômenos de luz fantasmagórica na atmosfera, mas é aí que a semelhança termina. A pesquisadora da NASA, Bea Gallardo-Lacourt, que estuda o fenômeno desde 2018, explica que auroras envolvem um mecanismo físico, com elétrons e íons chovendo em nossa atmosfera superior e excitando átomos. Já o arco Steve é uma banda quente de gás que envolve uma reação química, que produz brilho.
O arco está associado a um fluxo muito rápido de partículas – cerca de cinco vezes mais rápido do que o observado nas auroras. Esse forte fluxo de plasma excita moléculas de nitrogênio na atmosfera que então interagem com moléculas de oxigênio, criando óxido nítrico. Este óxido nítrico, que de outra forma é raro em nossa atmosfera, é energizado e brilha, emitindo luz na faixa roxa do espectro de luz visível.
A cada foto e novo relatório sobre o fenômeno Steve, as pessoas estão entendendo mais sobre essa parte relativamente inexplorada de nossa atmosfera e sua conexão com o sol.