Maior espécie de marsupial carnívoro passou por duas etapas de extinção
Pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, em parceria com a empresa norte-americana Colossal trabalham em um projeto audacioso e multimilionário para recriar em laboratório o tigre-da-tasmânia (thylacinus cynocephalus), espécie extinta da natureza por volta de 1830 e, de forma definitiva, em 1936, no zoológico de Hobart, na Tasmânia.
Os tilacinos foram extintos em decorrência da caça intensiva porque ofereciam perigo aos rebanhos locais. A competição por alimentos com aborígenes australianos e a invasão de cães selvagens, que se tornaram predadores da espécie, também são apontados como fatores da extinção.
Os parentes mais próximos do tigre-da-tasmânia são o diabo-da-tasmânia e o canguru. Apesar do nome e de algumas características felinas, como as listras nas costas, o animal foi considerado o maior marsupial carnívoro dos tempos modernos. A espécie tinha bolsas marsupiais, tanto em machos quanto em fêmeas, para desenvolvimento dos seus filhotes.
Para recriar o tilacino, os cientistas planejam usar células-tronco de uma espécie marsupial viva, com DNA semelhante, combinada com tecnologia de edição de genes para atingir o resultado almejado, que seria “trazer de volta” a espécie extinta ou o mais próximo dela.
Se o plano der certo, em dez anos a equipe acredita reintroduzir na natureza o primeiro tilacino recriado em laboratório. Seria o primeiro evento de desextinção da história.
Este não é o único projeto de recriação de espécies mantido pela empresa de biotecnologia parceira da Universidade de Melbourne na pesquisa dos tilacinos.
A Colossal divulgou planos de usar a mesma tecnologia de edição de genes para ressuscitar o mamute lanoso, animal da mesma família dos elefantes, extinto há mais de 10 mil anos.
Mas a recriação de espécies em laboratórios não é unanimidade na ciência. Especialistas como Jeremy Austin, do Centro Australiano de DNA Antigo (ACAD), duvida que a desextinção seja possível.
“É obra de ficção científica, uma ciência de conto de fadas”, afirma o cientista.