Principal componente das baterias usadas em carros elétricos, o lítio é outro vilão do meio ambiente
As baterias de íons de lítio alimentam as vendas de veículos elétricos e atualmente são apontadas como a grande solução da indústria automobilística para reduzir o consumo de gasolina e diesel. Mas essa substituição tem um custo. A extração e o refino do lítio podem ser extremamente prejudiciais ao meio ambiente.
Os cientistas alertam que, como qualquer atividade de mineração, a extração do lítio pode resultar em degradação do solo, escassez de água, perda de biodiversidade, danos às funções do ecossistema e aumento do aquecimento global. Em outras palavras, o lítio é um mineral não renovável, apresentado como o novo petróleo ou o “ouro branco”.
Quem nunca esteve perto de um campo de extração de lítio pode até se impressionar com a beleza das cores produzidas pela natureza. Nas lagoas de beneficiamento do mineral raro – que também é o mais mais leve que existe – os tons marcantes variam de um branco rosado a um turquesa ou a um amarelo canário exuberantes. Essa variação acontece graças a diferentes concentrações de carbonato de lítio que muda a cor da água onde o metal está presente.
Entretanto, apesar da beleza do multicolorido do lítio, um relatório feito pela organização ambiental Friends of the Earth (FoE), mostrou que a extração do minério prejudica o solo e causa contaminação do ar. De acordo com o estudo, à medida que a demanda aumenta, os impactos da mineração afetam cada vez mais as comunidades onde ocorre a extração de lítio, comprometendo, principalmente o acesso à água. Para produzir uma tonelada de lítio são necessários aproximadamente 2,2 milhões de litros de água.
Depois da Austrália, Bolívia, Chile e Argentina, o maior produtor internacional de lítio são os Estados Unidos e China, mas países como Zimbabue, Brasil e Portugal (o único país europeu) também possuem reservas menores.
Substituição do lítio
Um fato já confirmado pela ciência é que as reservas de lítio e cobalto disponíveis no planeta não serão suficientes para atender à demanda futura do crescente mercado de energia renovável. Por isso, Gleb Yushin, professor da Escola de Materiais e Engenharia do Instituto de Tecnologia da Georgia, nos Estados Unidos, afirma que o mercado precisa desenvolver uma nova tecnologia de bateria que use materiais mais comuns e ecológicos. Até o momento, a opção mais viável para essa substituição é o silício.
“Pedimos aos cientistas de materiais, engenheiros e agências de financiamento que priorizem a pesquisa e o desenvolvimento de eletrodos baseados em elementos abundantes ”, diz Yushin. “Caso contrário, o lançamento de carros elétricos irá parar dentro de uma década”, finaliza.