GUERRA
Chefe militar da Ucrânia considera risco de ataque nuclear russo

Chefe militar da Ucrânia considera risco de ataque nuclear russo

Em artigo o general Valeriy Zaluzhnyi chama a atenção para o risco real de a Rússia usar armas nucleares na Ucrânia

Da redação | 8 de setembro de 2022 - 09:59
Chefe militar da Ucrânia considera risco de ataque nuclear russo

Por Miriam Berger

Do Washington Post

O principal chefe militar da Ucrânia alertou esta semana que uma guerra nuclear “limitada” entre a Rússia e o Ocidente não pode ser descartada, um cenário que desencadearia graves consequências globais.

“Existe uma ameaça direta do uso, sob certas circunstâncias, de armas nucleares táticas pelas forças armadas russas”, escreveu o chefe militar da Ucrânia, general Valeriy Zaluzhnyi em um artigo publicado pelo Ukrinform, uma agência de notícias estatal ucraniana. “Também é impossível descartar completamente a possibilidade do envolvimento direto dos principais países do mundo em um conflito nuclear ‘limitado’, no qual a perspectiva da Terceira Guerra Mundial já é diretamente visível.”

Leia também:
Inteligência artificial pode levar à extinção da humanidade, alertam especialistas
Baleia Beluga suspeita de espionar para a Rússia

Zaluzhnyi também reconheceu pela primeira vez que Kyiv estava por trás de ataques nas profundezas da península da Crimeia ocupada pela Rússia em agosto. As bases aéreas e o depósito de munição que foram atingidos estavam em áreas anteriormente consideradas fora do alcance da Ucrânia – mas faziam parte de sua estratégia de mudar “o centro de gravidade do Exército russo”, escreveu Zaluzhnyi.

Guerra sem fim

Com a quase certeza de que os combates continuarão até 2023, a Ucrânia precisa reagir contra a Rússia “ainda mais nítida e tangível”, escreveu Zaluzhnyi.

A avaliação do chefe militar ocorre no momento em que as forças armadas da Ucrânia afirmam estar recapturando pequenas áreas em contraofensivas no sul e no leste do país — combates que estão cobrando um alto preço dos soldados ucranianos, que enfrentam pesadas perdas contra as armas e tecnologias mais avançadas da Rússia.

Jovens nadam no rio Dnieper, perto do complexo nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia. Foto: The Washington Post/Heidi Levine.

O alerta de Zaluzhnyi segue semanas de alarme internacional sobre um possível desastre na maior instalação nuclear da Europa, a Usina Nuclear de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia. As autoridades russas controlam a usina, com mais de 1.000 trabalhadores ucranianos tentando mantê-la funcionando e conectada à rede elétrica de seu país, apesar dos frequentes bombardeios.

Necessidade de zona segura

A agência de vigilância atômica da ONU pediu na terça-feira uma zona segura para evitar uma catástrofe nuclear. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que apoia a ideia se isso significar a saída das tropas russas. Ambos os lados acusaram o outro de disparar foguetes e artilharia pesada ao redor da usina.

Zaluzhnyi disse que o uso da usina pela Rússia como base militar mostra seu desrespeito pelas salvaguardas nucleares globais “mesmo em uma guerra convencional”.

A Ucrânia lançou recentemente suas contraofensivas destinadas a retomar Kherson, uma cidade portuária estratégica no sul, e áreas ocupadas pelos russos ao longo da fronteira na região nordeste de Kharkiv.

Embora grande parte do centro e oeste da Ucrânia permaneça praticamente ilesa, os mísseis de cruzeiro russos ainda são uma ameaça e podem atingir todo o país com “impunidade”, escreveu Zaluzhnyi. “Enquanto a situação atual persistir, esta guerra pode durar anos”, concluiu o general ucraniano.

Chefe militar da Ucrânia considera risco de ataque nuclear russo

+ DESTAQUES