Estudo da Universidade de Chicago mostrou que, basta o celular estar por perto, para desviar a atenção
Pagar uma conta? Celular. Combinar um almoço ou um café com um amigo? Celular. Mensagem para a família? Celular. Checar o tempo? Celular. Deixar uma mensagem para você mesmo, para não esquecer de uma tarefa? Celular. Fotos, vídeos, buscar endereço ao dirigir? Celular, celular, celular. Eles invadiram nossas vidas e não temos mais como nos libertar deles.
De acordo com pesquisa da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, o simples ato de verificar o celular ou ver uma notificação não apenas prejudica a memória, como o desempenho em tarefas do dia a dia. O uso desenfreado, que já passou a ser chamado como um vício pelos pesquisadores, tem revelado impactos negativos no nosso cérebro.
Para testar os participantes do estudo, os pesquisadores realizaram três fases: a primeira, o celular ficou visível para a pessoa, em cima de uma mesa; a segunda, o celular ficou fora de vista, dentro de uma bolsa ou celular e por fim, na terceira fase, o celular ficou em outra sala. Em ambas as fases, os participantes realizaram tarefas para testar suas habilidades de processar e lembrar de informações.
O resultado foi de que o desempenho nas tarefas foi muito melhor quando os telefones dos participantes estavam em outra sala, em comparação quando o celular estava visível ou mesmo guardado, mas próximo. Mesmo os entrevistados afirmando que não estavam pensando conscientemente em seus dispositivos móveis nas três fases, a mera proximidade do telefone contribui para a “fuga do cérebro”.
Segundo os autores do estudo, mesmo que inconsciente, o cérebro trabalha arduamente para inibir o desejo de verificar nossos aparelhos ou monitorar constantemente o ambiente para ver se devemos verificar nosso telefone, na espera, por exemplo, de uma notificação. Dessa forma, a atenção desviada pode tornar qualquer outra atividade mais difícil.
Dados assustam
O fato é que quanto mais úteis nossos telefones se tornam, mais os usamos. Um relatório recente da organização Reviews.org descobriu que os adultos nos Estados Unidos verificam seus celulares, em média, 344 vezes por dia, uma vez a cada quatro minutos. Em apenas um dia, três horas no mínimo são gastos checando o telefone.
Apesar da descoberta se tornar muito útil na prática- fiquem longe de seus celulares durante atividades que necessitam de concentração- pesquisadores alertam que ainda é preciso desenvolver mais pesquisas na área para entender de que forma esta “fuga” do cérebro pode causar ao ser humano à longo prazo.
No Brasil, os dados são ainda mais impressionantes. Em 2021, os brasileiros passaram 5,4 horas por dia no celular. De acordo com o relatório State of Mobile a pandemia estreitou os laços de utilização e assim dependência com os celulares, tendo um crescimento de 30% antes de 2020, no país.