CIÊNCIA
Ilustração: NASA

Astrônomos fazem descoberta inédita sobre os anéis de Saturno

Descoberta pode ajudar a identificar outros planetas com anéis a anos-luz de distância da Terra

Por: Júlia Castello
Da redação | 3 de abril de 2023 - 20:55
Ilustração: NASA

Quarenta anos depois dos primeiros estudos sobre os famosos anéis de Saturno, pesquisadores da NASA descobriram algo inédito: eles estão aquecendo a atmosfera do planeta. A descoberta traz uma possibilidade única para que os astrônomos consigam entender e identificar outros planetas a anos-luz de distância da Terra, por meio de anéis semelhantes aos de Saturno.

“O segredo estava escondido à vista de todos há 40 anos. Mas foi necessária a percepção de um astrônomo veterano para reunir tudo em um ano”, conta um porta voz da NASA em um comunicado para a imprensa.

De acordo com a pesquisa, publicada na revista científica, Planetary Science Journal, os anéis têm desempenhado este papel, que criou uma linha espectral de hidrogênio na atmosfera de Saturno, devido a um excesso de radiação ultravioleta. O aumento da radiação significa que algo está contaminando a atmosfera superior do planeta e aquecendo-a do lado de fora.

Ainda sem uma resposta exata, os pesquisadores acreditam que o mais provável é que as partículas do anel que caem sobre Saturno estão aquecendo a atmosfera. Isso pode ser o resultado de impactos de micrometeoritos, bombardeio de partículas do vento solar, radiação solar ultravioleta ou forças eletromagnéticas que captam poeira eletricamente carregada.

“Embora a lenta desintegração dos anéis seja bem conhecida, sua influência no hidrogênio atômico do planeta é uma surpresa. Pela sonda Cassini, já sabíamos da influência dos anéis. No entanto, não sabíamos nada sobre o conteúdo atômico de hidrogênio”, diz o autor do estudo, Lotfi Ben-Jaffel, do Instituto de Astrofísica de Paris e do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona.

Realização

Saturno começou a ser estudado por pesquisadores em 1978, quando o Telescópio Espacial Hubble e o International Ultraviolet Explorer passaram a coletar dados do sexto planeta do nosso sistema solar. Mas foi somente em 2004, quando a sonda Cassini chegou ao planeta, que eles começaram a captar esta radiação. Desde aquela época, surgiram dúvidas sobre se todos os dados estavam realmente revelando um verdadeiro fenômeno em Saturno.

Sonda Cassini permitiu avanços nas descobertas dos segredos de Saturno. (Ilustração Nasa)

A NASA explicou que a chave para montar o quebra-cabeça veio da decisão de Ben-Jaffel de usar medições do Espectrógrafo de Imagem do Telescópio Espacial Hubble (STIS). Suas observações precisas de Saturno ajudaram a calibrar os antigos dados UV de todas as quatro missões espaciais observando Saturno. O pesquisador comparou as observações do STIS UV de Saturno com a distribuição de luz de várias missões e instrumentos espaciais.

“Quando tudo foi calibrado, vimos claramente que os espectros são consistentes em todas as missões. Isso foi possível porque temos o mesmo ponto de referência, do Hubble, sobre a taxa de transferência de energia da atmosfera medida ao longo de décadas”, diz Ben-Jaffel. “Foi realmente uma surpresa para mim. Acabei de plotar os diferentes dados de distribuição de luz juntos e então percebi, uau – é a mesma coisa.”

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