Descoberta pode ajudar a identificar outros planetas com anéis a anos-luz de distância da Terra
Quarenta anos depois dos primeiros estudos sobre os famosos anéis de Saturno, pesquisadores da NASA descobriram algo inédito: eles estão aquecendo a atmosfera do planeta. A descoberta traz uma possibilidade única para que os astrônomos consigam entender e identificar outros planetas a anos-luz de distância da Terra, por meio de anéis semelhantes aos de Saturno.
“O segredo estava escondido à vista de todos há 40 anos. Mas foi necessária a percepção de um astrônomo veterano para reunir tudo em um ano”, conta um porta voz da NASA em um comunicado para a imprensa.
De acordo com a pesquisa, publicada na revista científica, Planetary Science Journal, os anéis têm desempenhado este papel, que criou uma linha espectral de hidrogênio na atmosfera de Saturno, devido a um excesso de radiação ultravioleta. O aumento da radiação significa que algo está contaminando a atmosfera superior do planeta e aquecendo-a do lado de fora.
Ainda sem uma resposta exata, os pesquisadores acreditam que o mais provável é que as partículas do anel que caem sobre Saturno estão aquecendo a atmosfera. Isso pode ser o resultado de impactos de micrometeoritos, bombardeio de partículas do vento solar, radiação solar ultravioleta ou forças eletromagnéticas que captam poeira eletricamente carregada.
“Embora a lenta desintegração dos anéis seja bem conhecida, sua influência no hidrogênio atômico do planeta é uma surpresa. Pela sonda Cassini, já sabíamos da influência dos anéis. No entanto, não sabíamos nada sobre o conteúdo atômico de hidrogênio”, diz o autor do estudo, Lotfi Ben-Jaffel, do Instituto de Astrofísica de Paris e do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona.
Realização
Saturno começou a ser estudado por pesquisadores em 1978, quando o Telescópio Espacial Hubble e o International Ultraviolet Explorer passaram a coletar dados do sexto planeta do nosso sistema solar. Mas foi somente em 2004, quando a sonda Cassini chegou ao planeta, que eles começaram a captar esta radiação. Desde aquela época, surgiram dúvidas sobre se todos os dados estavam realmente revelando um verdadeiro fenômeno em Saturno.
A NASA explicou que a chave para montar o quebra-cabeça veio da decisão de Ben-Jaffel de usar medições do Espectrógrafo de Imagem do Telescópio Espacial Hubble (STIS). Suas observações precisas de Saturno ajudaram a calibrar os antigos dados UV de todas as quatro missões espaciais observando Saturno. O pesquisador comparou as observações do STIS UV de Saturno com a distribuição de luz de várias missões e instrumentos espaciais.
“Quando tudo foi calibrado, vimos claramente que os espectros são consistentes em todas as missões. Isso foi possível porque temos o mesmo ponto de referência, do Hubble, sobre a taxa de transferência de energia da atmosfera medida ao longo de décadas”, diz Ben-Jaffel. “Foi realmente uma surpresa para mim. Acabei de plotar os diferentes dados de distribuição de luz juntos e então percebi, uau – é a mesma coisa.”