Governo alega que os produtores precisam de ajuda, diante da seca e da recessão econômica
Bloomberg
O governo argentino anunciou a criação de uma nova taxa de câmbio para o setor agrícola, subsidiada pelo governo, para ajudar os exportadores, especialmente os produtores de vinho, daí o apelido “dólar-Malbec” ou “dólar Agro”, dado pela imprensa local. Além do vinho, outros setores serão beneficiados como os exportadores de arroz, soja e amendoim.
O Ministro da Economia, Sergio Massa, procurou justificar o subsídio argumentando que os produtores precisam de ajuda, diante da grave seca que atinge o país, além da recessão econômica.
O ministro da economia argentino, Sergio Massa, confirmou a taxa de câmbio temporária e subsidiada para o vinho, arroz, soja, amendoim e outros produtos agrícolas na tentativa de impulsionar as exportações e as reservas internacionais, à medida que a pior crise do século parece não ter fim. A proposta foi apelidada de “Dólar Agro” ou “Dólar Malbec” pela imprensa argentina porque beneficia os produtores da uva de vinho mais conhecida do país.
Massa, que é apontado como candidato do governo para as próximas eleições presidenciais, em Outubro, explicou que o subsídio dará aos produtores uma taxa de câmbio mais favorável por 90 dias, no lugar do valor oficial do peso, que o governo vem mantendo artificialmente alto, na tentativa de evitar maior desvalorização.
A partir de abril, o governo também permitirá uma taxa de câmbio de 30 dias para as exportações de soja, a terceira versão da medida para esse produto. A taxa oficial da Argentina fechou esta semana em cerca de 210 pesos por dólar e as versões anteriores da taxa de câmbio da soja estavam bem acima da oficial. Nas bolsas do mercado paralelo, a moeda local é negociada pela metade do seu valor, ou 400 pesos por dólar aproximadamente.
“A seca nos atingiu com muita força. As taxas de câmbio temporárias visam “fortalecer as reservas do banco central no segundo trimestre e continuar a trajetória de estabilização que a Argentina precisa fazer,” disse Massa a repórteres em Washington, depois de se reunir com autoridades do Fundo Monetário Internacional (FMI).
As exportações de vinho representam pouco mais de 1 bilhão de dólares por ano. A nova taxa não mudará as perspectivas econômicas da Argentina mas, com a medida, o governo também busca obter todos os dólares que puder das exportações, até porque as reservas do banco central caíram de 44 bilhões de dólares no início do ano para 36 bilhões, perto do nível mais baixo desde 2016.
As taxas especiais para a soja no ano passado forçaram a Argentina a solicitar isenções para o acordo de 44 bilhões de dólares do governo com o FMI porque violou as regras do credor sobre “práticas de múltiplas moedas”. Espera-se que o conselho executivo do FMI aprove um novo desembolso de US$ 5,3 bilhões para a Argentina nos próximos dias após a quarta revisão.
Os proprietários de vinhedos vinham mantendo grandes estoques armazenados, enquanto esperavam pela nova taxa de câmbio. As vendas domésticas de vinho caíram 14% em fevereiro em relação ao ano anterior, quase três vezes a queda em janeiro, de acordo com o regulador de vinhos do país, INV.