SAÚDE

Amsterdã, agora, tenta reprimir uso de maconha e álcool

Nova legislação tenta impedir consumo nas ruas do Bairro Vermelho

Por: Marcelo Bonfá
Da redação | 10 de fevereiro de 2023 - 21:55

A cidade que já foi símbolo das políticas de liberação de drogas acaba de voltar atrás e rever seus limites. Numa tentativa de garantir maior segurança aos moradores, Amsterdã, a capital da Holanda, decidiu proibir o uso de maconha na ruas e vai fazer uma campanha no contra o uso do álcool no distrito da luz vermelha, lugar conhecido pelo comércio legalizado de sexo. As bebidas com álcool já estão proibidas de quinta a domingo, depois das 16h. Agora, a cidade disse que exigirá que as bebidas alcoólicas sejam removidas ou escondidas nas lojas, a partir desse horário. As novas regras entrarão em vigor a partir do mês de Maio. Os residentes poderão opinar sobre as medidas numa consulta pública online.

A administração da cidade se posicionou dizendo: “Os moradores do centro antigo da cidade sofrem muito com o turismo de massa e o abuso de álcool e drogas nas ruas”. O comunicado continua: “Os turistas também atraem traficantes, que por sua vez promovem a criminalidade e a insegurança. Especialmente à noite, o ambiente pode ficar sombrio. As pessoas que estão sob a influência também permanecem por mais tempo”. O município observou: “Os residentes não conseguem dormir bem e o bairro está se tornando inseguro e inabitável”.

O governo local espera que todas essas atitudes diminuam o transtorno. Mas isso não for necessário, não está descartado a proibição das compras de drogas leves em determinados horários e impedimento de fumar maconha nas áreas externas dos cafés.

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As visitas ao distrito da Luz Vermelha

Em vez de sexo e drogas, as autoridades de Amsterdã gostariam que o bairro de De Wallem, onde a Luz Vermelha também está presente, fosse conhecida pela sua cultura e arquitetura únicas. Em 2020, entre as várias iniciativas para diminuir o turismo de massa e as cenas constrangedoras para a população, as visitas guiadas foram impedidas de passar pelas famosas vitrines de sexo. Um outro projeto que ainda está em discussão pretende mudar os bordéis com vitrines para um bairro mais afastado do centro da cidade. Essas alterações não são simples e podem mexer com a economia da cidade também. Cerca de 10 a 15% da indústria turística está baseada no distrito da Luz Vermelha.

Os turistas se divertem ao passar, ainda que seja só para olhar, pelas casas de sexo com mulheres na vitrine, mas para quem vive na região não tem a menor graça. “É um inferno”, dizem alguns moradores. Campanhas para afastar visitantes estrangeiros têm faixas com dizeres como “Nos moramos aqui” e “Fique longe”.

Segundo o departamento de turismo da cidade, Amsterdã deve receber mais 18 milhões de turistas, até o final do ano. Esse número pode crescer para 24 milhões em 2024.

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