Primeiro, foi o chanceler alemão, Olaf Scholz, que anunciou o envio de 14 tanques Leopard 2 para a Ucrânia. Além disso, o governo alemão também vai permitir que outros países, como a Polônia, que fabricam tanques com tecnologia alemã, também enviem esses armamentos para as forças ucranianas.

Depois, foi a vez do presidente Joe Biden anunciar que os Estados Unidos vão enviar 31 tanques Abrams, também o mais moderno do país, para os ucranianos. E Biden ainda completou com uma advertência a Moscou: “Putin esperava enfraquecer a decisão da Europa e Estados Unidos. Ele estava errado. Estava errado desde o começo e continua errando. Estamos unidos”, completou Biden.

Por sua vez, Olaf Scholz pediu aos alemães que confiem no governo porque estava tomando a “decisão certa”. O chanceler se referia à pressão internacional de Kiev e de aliados da Ucrânia para aprovar a exportação dos tanques.

Olaf Scholz cede a pressões internacionais e autoriza envio de tanques de guerra para a Ucrânia. (Foto: Flickr)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez um apelo internacional afirmando que seu país precisa de pelo menos 300 tanques de guerra para derrotar a Rússia.

Após o anúncio da Alemanha, o governo polonês disse que está pronto para enviar 14 de seus tanques Leopard 2 – de seu estoque de cerca de 250 – para a Ucrânia.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, saudou a decisão da Alemanha, dizendo que a nova blindagem pesada “fortalecerá o poder de fogo defensivo da Ucrânia”. Os britânicos já haviam prometido enviar 14 tanques Challenger 2s para a Ucrânia.

Polônia, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Espanha e Portugal aguardavam a permissão de Berlim para enviar parte de suas frotas para a Ucrânia.

Atualmente, cerca de 2 mil tanques Leopard 2 estão em uso pelos aliados da Ucrânia. Outros países que usam Leopards incluem Canadá, Suécia e Holanda, que já enviaram armas para a Ucrânia.

Reação da Rússia

O embaixador da Rússia em Washington, Anatoly Antonov, alertou que qualquer entrega de tanques dos EUA seria uma provocação flagrante e deixou claro que os tanques da Alemanha irão “queimar como todo o resto”. Em Moscou, as reações são preocupantes e aumentam as tensões em direção a uma terceira guerra mundial.

O presidente Vladimir Putin já alertou, em duas ocasiões, que a Rússia poderá usar armas nucleares contra a Ucrânia e deixou claro que não admitirá a hipótese de perder a guerra. Em seguida, seu homem de confiança e ex-presidente Dmitri Medvedev também acenou com a possibilidade de lançar um ataque nuclear contra os ucranianos. Ex-presidente da Federação Russa e atual vice-presidente do Conselho de Segurança do Kremlin, Medvedev disse que, se a Rússia se sentir ameaçada, não hesitará em recorrer a seu arsenal nuclear. Para completar, até a Igreja Ortodoxa russa fez uma advertência aos países ocidentais contra o que chamou de “tentativa de destruir a Rússia”.

A Europa tem uma frota de mais de 2 mil Leopards 2. Vários países anunciaram que vão enviar tanques para a Ucrânia. (Foto: Flickr)

Yevgeny Satanovsky, comentarista da TV de Moscou, disse que a Rússia deveria lançar ogivas nucleares no centro da democracia alemã, especialmente contra o Bundestag, o prédio do parlamento alemão.

“A União Soviética bombardeou Berlim em 1941. Para mim o Bundestag simplesmente não deveria mais permanecer de pé”, defendeu Satanovsky.

Outro propagandistas do governo Putin, o apresentador de TV Vladimir Solovyov, afirmou que a Alemanha entrou na guerra. “É hora de enviar uma mensagem clara e resoluta de que agora consideramos a Alemanha uma parte direta do conflito, reacendendo as memórias da Segunda Guerra Mundial”, disse Solovyov.

“O aparecimento de tanques alemães [na Ucrânia] definitivamente significa que consideramos o território alemão, bases militares e outros locais como alvos legítimos”, alertou.

Analistas miliares acreditam que o envio de tanques Leopards será um divisor de águas na guerra Rússia contra a Ucrânia, por dois motivos. Esses tanques, colocados em campo por exércitos em toda a Europa, são a melhor opção militar para a Ucrânia, uma vez que estão disponíveis em grande número e são fáceis de usar e manter, o que aumenta as chances de uma vitória ucraniana no conflito.

E, por fim, a decisão da Alemanha deflagra um movimento de apoio maciço de vários países – de forma coordenada – para reforçar as defesas da Ucrânia, desafiando o poderio bélico da Rússia.

Em outras palavras, está formado um grande bloco do Ocidente contra a Rússia.