Tragédia aérea matou 228 pessoas em um voo Rio de Janeiro-Paris; tribunal afastou nexo de causalidade entre as falhas e o acidente
A companhia aérea Air France e a fabricante de aviões Airbus foram absolvidas por um tribunal francês das acusações de homicídio culposo pelo acidente que matou 216 passageiros e 12 tripulantes do voo Rio-Paris em 2009. O tribunal afastou o reconhecimento do nexo de causalidade entre possíveis falhas de fabricação ou manutenção do Airbus A330 e o acidente em si, uma vez que seria impossível provar a responsabilidade das empresas rés.
Durante a leitura do veredicto, parentes das vítimas do voo 447 que estavam no tribunal se levantaram atordoados com o conteúdo da decisão.
Os advogados que representam as famílias das vítimas argumentaram desde o início que os tubos de Pitot, usados para medir a velocidade de voo da aeronave, estavam defeituosos, o que teria provocado o acidente. O tribunal entendeu como um mau funcionamento dos tubos, que ficaram bloqueados com cristais de gelo durante uma tempestade no meio do Atlântico. Isso fez com que os alarmes soassem na cabine do Airbus A330 e o sistema de piloto automático fosse desligado.
Por causa do problema, e após a falha dos instrumentos, os pilotos colocaram o avião em uma subida que fez com que a aeronave perdesse sustentação para cima devido ao ar que se movia sob suas asas, perdendo altitude. A Air France e a Airbus culparam o erro do piloto como a principal causa do acidente.
A acusação sustentou que ambas as empresas estavam cientes do problema do tubo de Pitot antes do acidente e que os pilotos não haviam sido treinados para lidar com uma emergência em altitude tão elevada.
O tribunal entendeu que tanto a Airbus como a Air France cometeram atos de imprudência ou negligência, incluindo não substituir certos modelos dos tubos Pitot que congelavam com mais frequência na frota de A330-A340 e não ter divulgado uma nota informativa sobre os tubos defeituosos para seus pilotos, mas não reconheceu o nexo causal forte o suficiente entre essas falhas e o acidente para demonstrar que ele poderia ter sido evitado.