SAÚDE
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Afinal, o que a temporada de basquete tem a ver com as vasectomias?

Mais de 500 mil norte-americanos realizam esse tipo de cirurgia, nos EUA, a cada ano, a maioria em março.

Por: Júlia Castello
Da redação | 14 de março de 2023 - 21:55
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Pesquisadores da Universidade de Medicina do Texas, nos EUA, constataram que no mês de março, todos os anos, são registrados recordes de cirurgias de vasectomia. Esse fato, de acordo com o estudo, está diretamente ligado aos jogos de basquete. Após o procedimento os homens precisam de alguns dias de repouso e as partidas de basquete ajudam a ficar mais tempo no sofá. Mais de 500 mil norte-americanos optam pelo procedimento a cada ano, tendo uma maior concentração no mês de março.

Os pesquisadores identificaram que a escolha do mês para realizar a pequena cirurgia, se deve ao Campeonato de Basquetebol Masculino da NCAA, período apelidado de “March Madness”. O torneio engloba 68 times universitários dos EUA e maioria das partidas ocorrem no março.

Homens nos EUA aproveitam repouso da vasectomia para assistir Campeonato de Basquete em março. (Foto: FreePik)

O procedimento dura aproximadamente 10 minutos. Realizado de forma consciente ou não, um dos autores do estudo, Alexander Rozanski, comemorou a descoberta. “Às vezes é difícil fazer com que os homens sigam as instruções de recuperação pós-vasectomia e certifiquem-se de relaxar e não fazer coisas extravagantes ou exercícios. March Madness lhes dá uma boa desculpa para descansar e se recuperar”, explica o urologista.

Efeitos da vasectomia

A vasectomia é um procedimento em que consiste na interrupção da circulação dos espermatozoides, impedindo desta forma, durante o ato sexual, uma gravidez. Esse tipo de cirurgia está se tornando cada vez mais comum, não só nos Estados Unidos, mas como em outros países em todo o mundo. A vasectomia é considerada um método muito seguro, tanto em relação a evitar a concepção, quanto à saúde masculina.

Diferente de outros métodos mais invasivos, como pílulas anticoncepcionais com hormônios para as mulheres, ou mesmo a laqueadura, a vasectomia não possui alto risco de complicações. A “Associação de Cirurgiões de Atenção Primária” analisou  94 mil vasectomias realizadas entre 2006 e 2021 e mostrou que as taxas de infecção, após a cirurgia, é de apenas 1%. Além disso, as taxas de hematomas caíram de 10% para apenas 1,4% dos pacientes.

Os atuais estudos foram destacados pelos pesquisadores no Congresso da Associação Europeia de Urologia 2023, que ocorreu entre 10 e 13 de março em Milão, na Itália. De acordo com comunicado de Julian Peacock, da Gloucestershire Hospitals NHS Foundation Trust, alguns dados eram datados da década de 1980, que reforçavam estereótipos e mitos sobre o procedimento.

Dados atuais sobre vasectomia ajudam desmistificar consequências do procedimento. (Foto: FreePik)

Um dos exemplos, citados pelo especialista é a ideia de que a vasectomia vai gerar dor crônica. Isso pode ocorrer em apenas 0,12% dos pacientes, segundo o estudo. Para se ter uma ideia, a última análise da Associação Britânica de Cirurgiões Urológicos mostra que o sintoma poderia afetar até 5% de todos os pacientes.

“A vasectomia é um método contraceptivo muito confiável e seguro. Esses números podem encorajar mais homens a se submeterem ao procedimento, por isso esperamos que nossa pesquisa seja incorporada às diretrizes que fornecem informações para aconselhamento pré-vasectomia e folhetos”, conclui Peacock.

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