Mais de 500 mil norte-americanos realizam esse tipo de cirurgia, nos EUA, a cada ano, a maioria em março.
Pesquisadores da Universidade de Medicina do Texas, nos EUA, constataram que no mês de março, todos os anos, são registrados recordes de cirurgias de vasectomia. Esse fato, de acordo com o estudo, está diretamente ligado aos jogos de basquete. Após o procedimento os homens precisam de alguns dias de repouso e as partidas de basquete ajudam a ficar mais tempo no sofá. Mais de 500 mil norte-americanos optam pelo procedimento a cada ano, tendo uma maior concentração no mês de março.
Os pesquisadores identificaram que a escolha do mês para realizar a pequena cirurgia, se deve ao Campeonato de Basquetebol Masculino da NCAA, período apelidado de “March Madness”. O torneio engloba 68 times universitários dos EUA e maioria das partidas ocorrem no março.
O procedimento dura aproximadamente 10 minutos. Realizado de forma consciente ou não, um dos autores do estudo, Alexander Rozanski, comemorou a descoberta. “Às vezes é difícil fazer com que os homens sigam as instruções de recuperação pós-vasectomia e certifiquem-se de relaxar e não fazer coisas extravagantes ou exercícios. March Madness lhes dá uma boa desculpa para descansar e se recuperar”, explica o urologista.
Efeitos da vasectomia
A vasectomia é um procedimento em que consiste na interrupção da circulação dos espermatozoides, impedindo desta forma, durante o ato sexual, uma gravidez. Esse tipo de cirurgia está se tornando cada vez mais comum, não só nos Estados Unidos, mas como em outros países em todo o mundo. A vasectomia é considerada um método muito seguro, tanto em relação a evitar a concepção, quanto à saúde masculina.
Diferente de outros métodos mais invasivos, como pílulas anticoncepcionais com hormônios para as mulheres, ou mesmo a laqueadura, a vasectomia não possui alto risco de complicações. A “Associação de Cirurgiões de Atenção Primária” analisou 94 mil vasectomias realizadas entre 2006 e 2021 e mostrou que as taxas de infecção, após a cirurgia, é de apenas 1%. Além disso, as taxas de hematomas caíram de 10% para apenas 1,4% dos pacientes.
Os atuais estudos foram destacados pelos pesquisadores no Congresso da Associação Europeia de Urologia 2023, que ocorreu entre 10 e 13 de março em Milão, na Itália. De acordo com comunicado de Julian Peacock, da Gloucestershire Hospitals NHS Foundation Trust, alguns dados eram datados da década de 1980, que reforçavam estereótipos e mitos sobre o procedimento.
Um dos exemplos, citados pelo especialista é a ideia de que a vasectomia vai gerar dor crônica. Isso pode ocorrer em apenas 0,12% dos pacientes, segundo o estudo. Para se ter uma ideia, a última análise da Associação Britânica de Cirurgiões Urológicos mostra que o sintoma poderia afetar até 5% de todos os pacientes.
“A vasectomia é um método contraceptivo muito confiável e seguro. Esses números podem encorajar mais homens a se submeterem ao procedimento, por isso esperamos que nossa pesquisa seja incorporada às diretrizes que fornecem informações para aconselhamento pré-vasectomia e folhetos”, conclui Peacock.