Diante da ascensão dos relacionamentos abertos no mundo, casais e pessoas passaram a pensar mais sobre o assunto traição. Afinal, um dos acordos realizados dentro do novo modelo de relação é que a traição física não é motivo de separação entre duas pessoas dentro de um namoro ou casamento.

Mas, enquanto a infidelidade física é fácil de ser definida, a emocional acaba passando despercebida, na maioria das vezes, até porque não envolve contato sexual. Além disso, as pessoas têm diferentes ideias sobre a infidelidade emocional. Um drink com um colega, após o trabalho, quando existe uma certa atração, configura esse tipo de infidelidade? A troca frequente de mensagens nas redes, algumas bastante amistosas, também é uma prova? Ou, então, deixar comentários insinuantes nas redes sociais?

Para muitos, a questão principal está nas atitudes que um parceiro toma sem o conhecimento do outro. Sem contar – e aí mora boa parte do perigo – os pensamentos.

Apesar de tudo isso, há quem entenda que a infidelidade emocional só se configura quando começa a haver um sentimento por um terceiro/a.

Infidelidade emocional atinge muitos casais pelo mundo. Crédito: Pexels.

De acordo com Michelle Janning, professora de sociologia do Whitman College, em Washington, nos EUA, atualmente, há um crescimento do individualismo no mundo. As pessoas estão se preocupando mais consigo mesmas e priorizando o autocuidado. Sendo assim, os casos de traição também vêm crescendo à medida que um indivíduo não se sente mais realizado em algum aspecto dentro do próprio relacionamento. É o caso das polêmicas conversas escondidas.

De acordo com a cientista de relacionamento, Marisa Cohen, cada parceiro tem uma visão específica sobre o que é a traição. O grau dessa questão varia entre conversas com terceiros e encontros presenciais. Além disso, ela frisa que as mídias sociais, em geral, mudaram a maneira que as pessoas passaram a se relacionar e interagir.

Vamos aos dados

Pesquisa feita por universidades dos EUA, Canadá, França, Alemanha, China e Reino Unido, com 1.048 pessoas, em 11 países, mostrou que a visão sobre o quanto a infidelidade sexual ou emocional podem constituir um grande problema no relacionamento varia entre casais e culturas.

Os entrevistados avaliaram a traição física e emocional de acordo com a escala de muito ruim, ruim, ok, bom e muito bom.

A traição emocional foi mais aceita, em todos os países analisados, do que a traição física.

A infidelidade emocional foi vista como mais incriminadora em um relacionamento em apenas 4 dos 11 países.  No Japão, por exemplo, poucos votaram como “muito ruim”. As mulheres viram mais como ponto negativo do que os homens. O que mostra ainda a força da questão de posse e resistência em terminar uma relação ruim. Enquanto isso, a parte emocional é mais deixada de canto e acaba sendo saciada por terceiros.

Já a traição física teve mais votos negativos na pesquisa. No Japão, por exemplo, as mulheres e os homens enxergaram a situação mais como “ruim” e “muito ruim”. Em contraponto, em Los Angeles, nos Estados Unidos, mais participantes votaram como “muito ruim”. Na Indonésia, a infidelidade sexual foi vista como “muito ruim” para a maioria dos entrevistados dos dois grupos.

O levantamento e os métodos foram divulgados pela Nature Human Behaviour.

Brasil e a alta das traições

De acordo com a diretora de Comunicação e Marketing do aplicativo Gleeden, na Espanha e América Latina, o Brasil é o país com mais usuários no app de relacionamentos extraconjugais na região latina. O objetivo da ferramenta é nada mais, nada menos, que, simplesmente, trair.

O aplicativo está presente em mais de 150 países ao redor do mundo.