A sigla mágica é SAF, a aposta das empresas para reduzir o impacto da aviação nas mudanças climáticas
The New York Times
Mais de 20 companhias aéreas dos Estados Unidos fazem parte de uma aliança, liderada pelo Fórum Econômico Mundial, comprometida com a redução nas emissões de C02 pelo setor aéreo. A primeira meta é tornar o SAF – Sustainable Aviation Fuel (Combustível Sustentável de Aviação) responsável por 10% do abastecimento do setor, até 2030.
A meta é parte de um compromisso muito maior, assumido pelos representantes de 184 países, em reunião promovida pela Organização Internacional da Aviação Civil (OACI), agência das Nações Unidas. Os delegados se comprometeram a defender a adoção de medidas que permitam zerar as emissões de dióxido de carbono, até 2050.
Por enquanto, a produção de SAF ainda é bastante limitada e o preço muito alto. Trata-se de um tipo de biocombustível que pode ser feito de várias maneiras. A mais comum, até agora, é a mistura de óleo cozinha usado, com biomassa, matéria orgânica, a biomassa é produzida com sobras de produtos agrícolas, como a palha resultante da cana-de-açúcar após seu aproveitamento pela indústria açucareira ou de etanol.
Nos Estados Unidos, o SAF já é utilizado por algumas companhias em voos que partem dos aeroportos de Los Angeles e San Francisco. A escolha se explica porque um dos poucos fornecedores de SAF tem uma instalação na Califórnia. Entre outras empresas, a United Airlines e a Jet Blue, já utilizam ao Combustível Aéreo Sustentável, mas em escala ainda muito reduzida. Menos de 1% do total consumido.
Uma vez que esse combustível é muito caro, a United buscou patrocinadores para conseguir bancar o custo. E já conta com o apoio de empresas como a Nike, Siemens e Deloitte, que ajudam a pagar a conta.
Lauren Riley, diretora de Sustentabilidade da United, explica: “Comprar combustível de aviação por conta própria seria de duas a quatro vezes mais caro do que o custo do combustível convencional. Não podemos arcar com isso”.
Novas tecnologias
A cada ano, os aviões de passageiros e de carga emitem cerca de 1 bilhão de toneladas métricas de dióxido de carbono. Isso equivale, aproximadamente, às emissões feitas por todo o continente sul-americano.
Na tentativa de resolver esse problema, universidades e institutos de pesquisa em todo o mundo tentam desenvolver novos tipos de combustível. Entre outros projetos, os especialistas apostam em aviões movidos a hidrogênio, aviões totalmente elétricos e um combustível feito de dióxido de carbono extraído da atmosfera.
Steven Barrett, professor de Aeronáutica do Instituto de Tecnologia de Massachusettrs (MIT), defende o aprofundamento desses estudos com a maior urgência possível. “Temos que começar agora. Há uma grande inércia no setor, que precisa ser enfrentada”.
Por sua vez, Andreas Schafer, diretor do Laboratório de Sistemas de Transporte Aéreo da universidade College London, alerta que o mundo não dispõe de óleo de cozinha usado ou de biomassa suficiente para produzir todo combustível sustentável que o setor aéreo necessita. Isto significa que é preciso encontrar novos tipos de matéria-prima, para levar adiante as metas de redução nas emissões.
A foto que ilustra essa reportagem é cortesia da United.