Preços do streaming levam consumidores de volta às antigas antenas de TV
Apesar do impacto das empresas de streamings no mercado cinematográfico, o uso das tradicionais antenas de TV cresceu nos Estados Unidos nos últimos dois anos. A fundação “Consumer Technology ” mostrou que, em 2020, 32% dos lares do país possuíam uma antena de TV, em comparação com 2019, que registrava 26% do total.
O resgate do modelo tradicional de TV por antena convencional tem relação com o bolso de parte dos consumidores norte-americanos, que optam pelo retorno dos canais grátis de TV diante dos valores, às vezes salgados, das várias plataformas de streaming.
Ao observar a tendência, algumas empresas decidiram voltar a investir no segmento que, a princípio, parecia fadado à extinção. A companhia de mídia, EW Scripps, que possui 61 estações de TV em todo o país, gastou mais de 20 milhões de dólares, cerca de 110 milhões de reais, só neste ano de 2022, com uma campanha martelando o que seriam os benefícios das antenas.
Leia mais:
Em entrevista recente, Adam Symson, executivo-chefe da Scripps, acredita que a combinação da incerteza econômica e o aumento dos preços dos serviços de streaming provocou a oportunidade de crescimento. “Os consumidores estão frustrados com o preço pago para ter até cinco assinaturas de streaming de vídeo e não estão seguros do retorno que estão obtendo com elas”, afirmou.
Ao pesquisar o mercado, a empresa percebeu também que o público consumidor com mais idade, mesmo assinando algumas plataformas de streaming para receber os lançamentos do cinema, não prescinde das transmissões da TV de forma complementar.
Um estudo da empresa de pesquisa Screen Engine/ASI mostrou que os consumidores que têm antenas e plataformas de vídeo sob demanda, como a Netflix e a Prime/Amazon, gastam uma média de 72 doláres por mês em serviços de TV paga. Já o custo médio mensal para assinantes de TV a cabo e satélite sem antenas é de cerca de 148 dólares.
Apesar da vantagem econômica, muitos domicílios americanos ainda não retornaram às antenas de TV por mera falta de informação. A Screen Engine/ASI mostrou que os espectadores subestimam o número de canais que podem receber com uma antena, devido a lembrança da TV analógica, que na época possuía menos estações disponíveis. Uma pesquisa de 2021, da agência Horowitz Research descobriu que apenas 20% dos usuários sem antena acreditavam que poderiam receber mais de 20 canais.
Para o executivo-chefe da Scripps, Adam Symson, a falta de conhecimento está ligada a falta de incentivo realizada pelas próprias emissoras abertas de televisão. “Muitas empresas estão preocupadas em falar demais sobre transmissão grátis por medo de impactar negativamente o ecossistema de TV paga, da qual também são sócios”, concluiu Symson.