INTERNACIONAL

A poderosa máquina de teorias da conspiração do Kremlin

Emissora de TV e sites tentam justificar as políticas de Moscou, incluindo a invasão da Ucrânia

Por: Carlos Taquari
Da redação | 1 de setembro de 2022 - 19:16

A guerra da informação e da contrainformação sempre existiu, mas os meios vão se adaptando aos novos tempos. Decididos a levar adiante a ideia da “Grande Rússia”, os ideólogos do Kremlin espalham seus agentes pelos veículos de comunicação.

Quem acompanha as transmissões do canal de televisão RT – Russian Television, canal de notícias de Moscou que transmite 24h em Inglês – tem a impressão de viver em outro mundo. A se acreditar nas informações desse canal, a guerra na Ucrânia já teria terminado há um bom tempo, com a vitória da Rússia, é evidente.

Seus noticiários repetem de forma insistente que os soldados ucranianos “abandonam suas posições e desistem de lutar”. Em outro momento, lamentam a destruição de pontes e de outras obras “pelas forças ucranianas”, sem mencionar que isto faz parte das tentativas de evitar o avanço das tropas russas em território da Ucrânia.

Um documentário do canal tenta induzir os telespectadores a acreditar que o governo da Ucrânia “caminha rapidamente para o fascismo”. Nem uma palavra sobre o fato de que os ucranianos desfrutam de uma relativa liberdade, mas bem maior que a dos russos.

Banido nos países da União Europeia logo após a invasão russa na Ucrânia, o RT foi acusado pelas autoridades do bloco europeu de promover uma campanha de “desinformação, manipulação e distorção dos fatos”. Em seguida, o Reino Unido também tirou o canal do ar, enquanto os canais de cabo dos Estados Unidos também suspenderam transmissões do canal, tido como parte da máquina de propaganda do Kremlin.

O YouTube, espaço vital para um canal como esse alcançar o público do Ocidente, suspendeu os vídeos da RT, com base em sua política de “proibir conteúdo negacionista, que procura trivializar fatos violentos”.

Sites em diversas línguas, alguns com apoio de hackers, também trabalham para Moscou. Foto: Freepik

Apesar de todas essas restrições, a RT continua funcionando e consegue levar as versões dos fatos produzidas em Moscou para públicos de países do Leste Europeu, parte da Ásia, África e América Latina.

O canal internacional é apenas uma das peças na máquina de propaganda do Kremlin, que também conta com inúmeros sites dedicados à tarefa de levar para o mundo a visão que interessa ao país. Com equipes fielmente alinhadas ao governo de Vladimir Putin, esses sites espalham contrainformação em todo o mundo, alguns com apoio de hackers. Outros são comandados por mulheres, escolhidas a dedo para influenciar principalmente o público jovem.

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