Centenas de projetos estão sendo desenvolvidos em mais de vinte países visando a produção do combustível do futuro
Um combustível não poluente, que pode ser usado em diversos setores da indústria, como a siderurgia, metalurgia, cerâmica, química, vidro e cimento. Em alguns países, já vem sendo utilizado em automóveis, ônibus e caminhões. No futuro, vai mover navios e aviões. Esse é o potencial que está levando mais de vinte países, em todos os continentes, a investir em quase mil projetos para produção de hidrogênio sustentável.
Dados da Agência Internacional de Energia mostram que, entre outros países, Estados Unidos, Alemanha, Áustria, Suécia, Holanda, Itália, Suíça, Espanha, Bélgica e Polônia, além do Brasil, desenvolvem projetos relacionados com o aproveitamento do hidrogênio. Na Ásia, China, Japão e Coréia do Sul também financiam projetos nesse sentido. Todos querem chegar o mais rápido possível a fórmulas práticas para produzir o que é considerado o combustível do futuro.
Além de exigir uma tecnologia sofisticada, um dos principais obstáculos a serem vencidos é a questão do custo. O hidrogênio é o elemento mais abundante existente no universo. Mas, no planeta, só existe em combinação com outros elementos. Está presente na água e nos hidrocarbonetos, como petróleo, gás e carvão.
O hidrogênio verde, o que desperta maior atenção, é produzido por um processo químico chamado eletrólise da água. Isso significa decompor a água em oxigênio e hidrogênio, utilizando uma corrente elétrica. Mas isto é mais complicado do que parece à primeira vista e exige enormes investimentos. Para reduzir os custos e viabilizar a produção é preciso utilizar energia eólica ou solar. O hidrogênio verde tem três vezes mais energia do que a gasolina, com a vantagem de ser uma fonte limpa, que não gera poluentes.
Além do verde, existe o hidrogênio azul, que pode ser produzido a partir do gás natural, com a captura e armazenamento do carbono resultante do processo. A extração a partir do petróleo e do carvão, resulta no chamado hidrogênio marrom e cinza, mas também apresenta o desafio de armazenar o carbono que é separado durante o processo.
Os segmentos de refino de petróleo e a indústria de fertilizantes são os setores que apresentam potencial mais imediato para esse tipo de combustível, o que contribui para a redução nas emissões de carbono para a atmosfera.
Cerca de 40 mil veículos chamados de FCVs (abreviação para fuel cell vehicles) ou veículos movidos a células de combustível, estão em circulação atualmente, a maior parte nos Estados Unidos, Coréia do Sul e Japão.
O governo sul-coreano adotou uma política agressiva para incentivar o uso desses veículos, oferecendo subsídio de até 30 mil dólares (mais de 150 mil reais) aos compradores. Já a China optou por incentivar o uso desse tipo de combustível para os ônibus e caminhões. A célula de combustível funciona como um gerador de corrente elétrica.
O princípio de funcionamento consiste em utilizar a energia gerada pela reação do hidrogênio com o oxigênio, para gerar energia e mover o veículo.
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A Agência Internacional de Energia calcula que, até 2030, 6 milhões de veículos movidos a hidrogênio estarão circulando em todo o mundo. Mas, para isso, será preciso aumentar o número de instalações de abastecimento. Por enquanto, o número de estações já instaladas gira em torno de 600. O Japão lidera a lista, com 140 postos de reabastecimento. Seguem-se a Alemanha com 90 e China, 85, entre outros. Mas todos eles prometem a ampliação rápida desse setor.
No Brasil, a primeira fábrica de hidrogênio verde está sendo construída em Camaçari, na Bahia. A empresa Unigel está investindo US$120 milhões (cerca de 650 milhões de reais) no empreendimento, que deverá ser inaugurado em 2023. Numa primeira etapa, o hidrogênio produzido nesta fábrica será utilizado nos setores siderúrgico, de refino de petróleo e fertilizantes.
Documento produzido pela Confederação Nacional da Indústria – CNI – avalia que o Brasil tem todas as condições para ser protagonista no processo de redução nas emissões de carbono, com o uso de combustíveis limpos, como o hidrogênio verde.