A jornalista se recusou a usar o véu. País está sob tensão após a morte de uma jovem na prisão
A principal correspondente internacional da CNN, Christiane Amanpour, teve um pedido de entrevista cancelado com o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, após ela se recusar o uso do véu para cobrir a cabeça durante a gravação. A entrevista havia sido agendada pela repórter com diplomatas iranianos, na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York.
Depois de aguardar mais de 40 minutos, um assessor do presidente apareceu e disse para a jornalista que o presidente havia sugerido que ela usasse o véu islâmico obrigatório. Amanpour disse que “recusava educadamente em seu nome, nome da CNN e todas as mulheres”.
A jornalista do canal de notícias americano também comentou que só usa o véu na cabeça quando faz reportagens no Irã para cumprir a legislação, quando circula em lugares públicos “Só consigo fazer as minhas reportagens lá se for assim. Não faz sentido seguir essa regra para realizar uma entrevista com uma autoridade num país onde isso não é obrigatório”, revelou.
Protestos por morte suspeita
O real motivo do cancelamento da entrevista seria a onda de protestos contra o governo que explodiram em todo o Irã após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, que foi presa sob acusação de não cobrir a cabeça com lenço. A morte da jovem chocou boa parte da população, depois que foram revelados os detalhes do caso. Masha Amini foi presa pela chamada polícia do comportamento, que fiscaliza a obediência às leis do Corão. Levada para um posto policial, ela apareceu depois de dois dias, com marcas de agressões e torturas. Pressionadas, as autoridades alegaram que ela morreu de “problemas cardíacos”, mas esta versão foi considerada altamente suspeita.