Cientistas perceberam que quanto mais longe as pessoas pensam estar da velhice mais saudáveis elas se tornam
Com que idade começa a velhice? Pesquisa realizada pelos britânicos Hannah Kuper e Michael Marmot, com mais de 10 mil participantes, mostrou que as respostas variaram quando questionados com que idade a velhice começava. Meio milhão de pessoas responderam a um questionário online. Os participantes com idades entre 20 e 30 anos disseram que a velhice chega aos 62. Já aqueles acima de 65 anos preferem acreditar que a velhice só começa depois dos 71.
Ou seja, apesar da genética influenciar na velhice de uma pessoa, a questão psicológica também interfere no envelhecimento. Os números demonstram que ninguém quer se sentir idoso. Então, aqueles que estão na faixa dos 40 anos se apegam à ideia de que essa faixa etária é a nova equivalente aos 30 anos de décadas atrás.
Por sua vez, aqueles que já chegaram aos 70 apostam que, com os avanços na Medicina, estão ainda próximos da meia idade. Outro traço comum aos mais idosos é evitar serem incluídos entre os grupos estigmatizados. Resistem a serem chamados de idosos ou serem vistos como alguém frágil, sedentário ou doente.
O envelhecer é algo natural, mas a chegada do envelhecimento traz angústia para muitos. A professora titular de genética da Universidade de São Paulo e autora do livro “O Legado dos Genes: O Que a Ciência Pode Nos Ensinar sobre o Envelhecimento”, Mayana Zatz, afirma que existe diferença entre o envelhecimento cronológico e o biológico: “Às vezes uma pessoa com 60 anos está enfraquecida e outra com a mesma idade ainda está jovem”.
Para a professora, que também é diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da Universidade de São Paulo, há algo em comum nos pesquisados com 80 anos: “Todos tinham alegria de viver, eram ativos socialmente, no trabalho”.
Apesar de não existir uma fórmula mágica ou uma receita secreta para permanecer jovem, já existem indícios de como as pessoas podem fazer para envelhecer bem.
A antropóloga e professora da Universidade Estadual de Campinas, Guita Debert, explica que na sociedade atual se valoriza muito a juventude, e a velhice acaba sendo vista com muitos preconceitos. Entretanto, nem sempre foi assim. Da mesma forma como hoje os mais velhos buscam manter sua forma física e a própria juventude pelo máximo possível, antigamente os jovens é que muitas vezes sofriam preconceito pela sociedade.
“No Brasil, nas primeiras décadas do século passado, a velhice e a experiência eram mais bem vistas. Havia uma tendência de os jovens se mostrarem mais velhos, com o uso de bengala, óculos, para obter o que a senioridade impunha: o respeito”, explica Guita.
A idade real, portanto, pode estar hoje mais associada à mente do aos músculos de cada pessoa, decretam os estudiosos do tema.