Pessoas são submetidas a trabalho forçado, servidão por dívida, casamento forçado ou tráfico humano
Pelo menos 50 milhões de pessoas vivem, atualmente, sob a chamada “escravidão moderna” em todo o mundo, de acordo com o Índice Global de Escravidão, divulgado pela organização de direitos humanos Walk Free. A Coreia do Norte e a Eritreia, no nordeste de África, são os países que apresentam as maiores taxas de escravidão, que inclui trabalho forçado, servidão por dívida, casamento forçado, e práticas semelhantes à escravidão, além de tráfico humano.
Os dados se referem a 2021 e mostram que esse tipo de exploração aumentou 12,5% nos últimos cinco anos. Os responsáveis pelo estudo afirmam que a situação está se deteriorando em um cenário de conflitos armados crescentes e mais complexos, degradação ambiental generalizada e repercussões da pandemia de Covid-19, entre outros fatores.
“A escravidão moderna está escondida à vista de todos e está profundamente entrelaçada com a vida em todos os cantos do mundo”, afirmam os autores da pesquisa. “Todos os dias, as pessoas são enganadas, coagidas ou forçadas a situações de exploração que não podem recusar ou abandonar. Todos os dias, compramos produtos produzidos por pessoas que foram forçadas a trabalhar ou mesmo sem perceber o alto custo humano oculto”, enfatizou o estudo.
Somente o trabalho forçado atinge 27,6 milhões de pessoas em regime de escravidão moderna, enquanto o casamento forçado leva 22 milhões a se unirem a parceiros ou parceiras com os quais não gostariam de conviver.
A Coreia do Norte encabeça o ranking da escravidão moderna. No país asiático, a proporção é de 104,6 pessoas submetidas a condições análogas à escravidão para cada 1.000 habitantes, seguida da Eritreia (90,3 pessoas) e a Mauritânia (32 pessoas). Arábia Saudita, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Kuwait também encontram-se entre os 10 primeiros da lista.
“Esses países compartilham algumas características políticas, sociais e econômicas, incluindo proteções limitadas para liberdades civis e direitos humanos”, informa o relatório da Walk Free. Mas a exploração também acontece dentro do G-20. Segundo o relatório, 11 milhões de pessoas são exploradas na Índia, 5 milhões na China e 1,8 milhão na Rússia.
A entidade destaca que os casos de escravidão moderna ocorrem com maior frequência em regiões marcadas por conflitos ou guerras civis, instabilidade política e autoritarismo, onde governos obrigam os cidadãos a trabalharem em diferentes setores, em prisões privadas ou por meio de recrutamento forçado.
A exploração indevida dos seres humanos também se dá frequentemente em ambientes que abrigam uma grande população de refugiados e trabalhadores migrantes, que, na maioria das vezes, não recebe as mesmas proteções legais que os cidadãos e são altamente vulneráveis à exploração, conclui o relatório.