Um estudo acompanhou dois mil lagos espalhados por todos os pontos do planeta. Mais da metade encolheu
Os grandes lagos de todo o planeta encolheram nas últimas três décadas, de acordo com dados de satélites que varreram o globo, de norte a sul e de leste a oeste. Um clima mais quente e o consumo desenfreado de água levaram à perda de pelo menos metade do volume de água desses reservatórios naturais. As represas construídas junto a usinas hidrelétricas também apresentam quedas substanciais, de acordo com o estudo divulgado pela revista Science.
A perda desses importantes reservatórios dificulta o abastecimento para a agricultura e para o consumo residencial. Além disso, coloca em risco os habitats de plantas e peixes, reduzindo a capacidade de geração de energia hidrelétrica e ameaçando a recreação marinha e o turismo.
O aquecimento global e o consumo humano de água foram responsáveis por 47% a 65% do declínio do volume natural dos lagos, segundo o estudo. Em outro detalhamento, cerca de 36% da perda é atribuída à evaporação provocada pelo forte calor em diversas regiões, enquanto cerca de 20% é devido ao consumo humano.
Consequências da redução
As temperaturas mais altas e o desvio de água para a sociedade têm reduzido os lagos do mundo em trilhões de litros por ano, desde o início da década de 90. A pesquisa descobriu que os maiores lagos estão perdendo cerca de 21,5 trilhões de litros por ano, isso representa 53% de todo o tamanho do lago.
De acordo com o estudo, de 1992 a 2020, o mundo perdeu o equivalente a 17 lagos Meads – o maior reservatório da América, em Nevada, nos EUA. Isso é aproximadamente à quantidade de água que os EUA utilizam anualmente.
Mesmo os lagos em áreas que recebem mais chuvas estão secando. O ar mais quente captura mais água na evaporação, e uma sociedade sedenta está desviando água de lagos para agricultura, usinas de energia e suprimentos. O lago Urmia, no Irã, por exemplo, está perdendo cerca de 1,05 trilhão de litros por ano, de acordo com o estudo.
O declínio dos lagos não significa que os lugares vão ficar subitamente sem água potável. Mas pode levar a mais competição pela água, que também é usada em energia hidrelétrica e recreação, como passeios de barco.
“Mais da metade do declínio é atribuído principalmente ao consumo humano ou a sinais humanos indiretos por meio do aquecimento global”, disse o principal autor do estudo, Fangfang Yao, cientista climático da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos.
O desvio de água dos lagos – uma causa humana direta de encolhimento – é provavelmente maior e mais perceptível porque é “muito agudo e muito local e tem a capacidade de realmente mudar a paisagem”, disse o co-autor do estudo Ben Livneh.