O texto, promovido por países europeus, juntamente com Índia, Canadá e EUA, recebeu 122 votos a favor, 18 abstenções e 5 contrários
Em um movimento diplomático surpreendente, Brasil e China, países que evitaram cuidadosamente condenar Moscou pela invasão da Ucrânia, votaram a favor de uma resolução das Nações Unidas que reconhece explicitamente “a agressão pela Federação Russa contra a Ucrânia.” O texto, recebeu 122 votos a favor, 18 abstenções e 5 contrários.
“Reconhecendo os desafios sem precedentes que a Europa enfrenta agora após a agressão da Federação Russa contra a Ucrânia, e contra a Geórgia antes disso, e a cessação da adesão da Federação Russa ao Conselho da Europa, apelamos para uma cooperação reforçada entre as Nações Unidas e o Conselho da Europa.” Esse foi o trecho do texto aprovado na ONU pelos países que condenam a guerra.
É improvável que a votação anuncie uma nova posição de política externa na agenda da China, dados seus estreitos vínculos militares e econômicos com Moscou e sua firme recusa em se alinhar com as visões políticas ocidentais. Ainda assim, considerando a relutância amplamente documentada de Pequim de denunciar publicamente a guerra da Rússia, o pequeno movimento causou surpresa.
A China, em particular, está sob intensa pressão do Ocidente para censurar abertamente o Kremlin pela invasão. Um documento de 12 pontos divulgado em fevereiro pelo Ministério das Relações Exteriores da China e descrito como um “plano de paz” foi criticado pelos europeus por confundir os limites entre o agressor, a Rússia, e a vítima, a Ucrânia. Em nenhum momento o plano usa os termos “guerra”, “invasão” ou “agressão” para descrever a situação no terreno e, em vez disso, fala da “crise da Ucrânia”.
A posição deliberadamente ambivalente da China, que o Ocidente vê como claramente inclinada para a Rússia, foi um dos principais pontos de desacordo durante a reunião do mês passado em Pequim entre o presidente chinês, Xi Jinping, e a presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen. Semanas depois, Xi Jinping fez sua tão esperada ligação com o presidente ucraniano, Volodymr Zelenskyy, a primeira desde que a Rússia começou a invasão.
O Brasil, que também tem tentado evitar uma condenação à Rússia – o presidente Lula chegou a sugerir que a Ucrânia abra mão de territórios ocupados pelos russos – também votou a favor desta nova resolução.
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