Acusada de fraude, a vice-presidente pode perder direitos políticos
Em julgamento que começou em 2019 e está sendo acompanhando por milhões de argentinos, o Ministério Público acusou hoje a atual vice-presidente e senadora Cristina Kirchner dos crimes de associação ilícita e de fraudes contra o Estado e pediu 12 anos de prisão para ela, além da cassação do seus direitos políticos para sempre. Os supostos delitos ocorreram quando ela era presidente da Argentina, de 2007 a 2015, e no governo do marido, Néstor Kirchner, de 2003 a 2007. A decisão em primeira instância deve sair até o final do ano.
“Néstor, e posteriormente sua mulher, Cristina, instalaram e mantiveram no coração da administração pública nacional uma das matrizes de corrupção mais extraordinárias já desenvolvidas no país. Juízes, este é o momento. É corrupção ou justiça”, disse o procurador Diego Luciani que também pediu que os bens de Cristina sejam confiscados.
O presidente Alberto Fernández se manifestou no Twitter em solidariedade a Cristina, após a leitura da sentença:
“Hoje é um dia muito desagradável para quem, como eu, foi criado na família de um juiz, foi educado no mundo do Direito e ensina Direito Penal há mais de três décadas. Mais uma vez transmito o meu mais profundo carinho e solidariedade à Vice-Presidente @CFKAArgentina.”
Hoje, a vice-presidente, que também é presidente do Senado, tem foro privilegiado e não poderia ser detida, a menos que a Justiça a flagre cometendo um delito. A prisão de Cristina, embora recomendada pelo Ministério Público, é improvável, já que uma condenação teria que ser confirmada pela Suprema Corte argentina, onde os peronistas e kirchneristas têm forte influência.
Atualmente, Cristina divide o poder com o presidente Alberto Fernández, mas seu grupo tem forte influência no governo, chegando a ditar as normas na economia, o que tem se mostrado um desastre. A Argentina deve fechar o ano com uma inflação em torno de 90%. No último final de semana, trabalhadores argentinos realizaram manifestação denominada “o funeral do salário”, uma vez que a inflação destrói a capacidade de compra dos assalariados.