The Washington Post

Nesta terça-feira, 07, o senado francês votará uma lei que obriga todos os estacionamentos do país a serem cobertos com placas solares. Isso gerará uma eletricidade equivalente a 10 usinas nucleares. A expansão pode acrescentar até 8% à atual capacidade elétrica da França. Caso o projeto de lei seja aprovado o país se tornará líder mundial em painéis solares, um passo importante para a eliminação dos combustíveis fósseis.

O custo dos painéis continua caindo e eles são uma fonte de energia cada vez mais competitiva, tanto para residências individuais quanto para consumidores maiores. Mas um grande desafio é encontrar espaço suficiente para gerar eletricidade. É por isso que o governo tem os estacionamentos em vista: eles são grandes e feios, e cobri-los com painéis solares não muda nada.

“Tirar terras agrícolas ou campos abertos e entregá-los a fazendas solares não é atraente, mas cobrir estacionamentos prejudica muito menos a biodiversidade”, afirma Arnaud Schwartz, presidente da France Nature Environment, um grupo de ambientalistas franceses.

Estacionamentos franceses que comportam mais de 50 carros serão obrigados a terem placas solares. (Crédito: Freepik)

O plano de exigir estacionamentos cobertos por painéis solares faz parte da Lei de Aceleração da Produção de Energia Renovável, que o presidente francês Emmanuel Macron tornou um projeto central de seus esforços climáticos. Isso exigirá que todos os estacionamentos com mais de 1.500 metros quadrados – capazes de acomodar cerca de 50 carros – construam coberturas elevadas de painéis solares cobrindo pelo menos metade do teto do estacionamento.

Os ambientalistas esperam que, quando o sol estiver brilhando, os painéis sejam capazes de gerar energia suficiente para as áreas próximas, tanto residenciais como comerciais. A montagem de coberturas solares sobre estacionamentos – essencialmente fazendo uma proteção  sobre as vagas de estacionamento com painéis solares – pode ser mais cara do que colocá-las em telhados ou diretamente no chão, pois precisam de estruturas de suporte de aço para mantê-las no lugar. Mas os ambientalistas afirmam que ainda são econômicos e podem superar os custos de energia convencionais.

Se metade dos estacionamentos da França forem cobertos por painéis solares, eles terão uma capacidade instalada entre 6,75 gigawatts e 11,25 gigawatts, a um custo entre US$ 8,7 bilhões e US$ 14,6 bilhões, de acordo com a análise oficial do governo. Cada uma das 56 usinas nucleares da França tem uma capacidade de pouco mais de 1 gigawatt em média – e a que está em construção em Flamanville aumentou seu custo para US$ 14 bilhões, segundo a última estimativa – aproximadamente o mesmo que toda a expansão dos painéis solares.

A lei também facilita a construção de painéis solares ao longo de rodovias e diminui as restrições à energia eólica.

A França obtém mais de 70% de sua eletricidade de usinas nucleares, a maior proporção do mundo, o que significa que seu setor de energia tem emissões muito baixas. Mas ficou para trás na instalação de energia renovável, muito aquém dos requisitos da União Europeia. E com as demandas aumentando com a eletrificação de carros e aquecimento, os franceses precisam agir rapidamente para aumentar a energia solar e eólica.

Depois que o Senado francês realizar a votação final, Macron sancionará o projeto e entrará em vigor em julho. Proprietários de estacionamentos terão entre três e cinco anos para se adequar.