Estudo aponta efeitos negativos do uso intensivo e da busca de aprovação por meio das curtidas
Para os estudiosos do assunto, quanto mais tempo as crianças e jovens passam checando retornos nas redes sociais, mas carentes de retornos positivos eles se tornam. Com as redes sociais fazendo cada vez mais parte do cotidiano das pessoas, as crianças e adolescentes também tem sido impactados com um “superestímulo” para se manterem o tempo todo conectados. As crianças têm tido contato cada vez mais novas e os adolescentes passado cada vez mais tempo diante das telas. Um estudo recente Universidade da Carolina do Norte mostrou o impacto negativo das curtidas no cérebro.
As curtidas em redes como o Instagram e o TikTok, as mais utilizadas por crianças e adolescentes atualmente, funcionam como “feedback social”. Ou seja, se o que foi postado agradar seus seguidores receberá aprovação em forma de curtidas, o que não agradar não recebe as tão buscadas curtidas. Esta busca incessante pode alterar o desenvolvimento do cérebro destes indivíduos.
“As regiões neurais envolvidas na relevância motivacional e afetiva tornam-se hiperativas, orientando os adolescentes para estímulos recompensadores em seu ambiente, principalmente de seus pares”, afirmam os pesquisadores responsáveis pelo estudo em um artigo publicado em uma revista científica. Isto significa que durante a adolescência e inclusive ao longo da vida adulta, este indivíduo buscará aprovação social, o que pode gerar diversos tipos de doenças, como depressão, anorexia, entre outros.
A pesquisa analisou o comportamento, durante três anos, de 169 alunos de escolas públicas na Carolina do Norte. Cada participante relatou com que frequência checou as plataformas: Facebook, Snapchat e Instagram. Alguns admitiram fazê-lo mais de 20 vezes por dia. Eles também participaram de uma tarefa de atraso de incentivo social, na qual suas respostas cerebrais foram medidas quando eles esperavam receber recompensas sociais e evitavam punições sociais.
Os pesquisadores apontaram que os participantes que acessaram as mídias sociais pelo menos 15 vezes ao dia foram os mais sensíveis ao “feedback social”.De acordo com o documento, o limite máximo é de 2 horas por dia para crianças entre 6 e 10 anos e de 3 horas para a faixa etária de 11 e 18 anos, inclusive em relação aos videogames. Para o filósofo norte-americano Jordan Shapiro e autor do livro “The new childhood: raising kids to thrive in a connected world”, a idade ideal para ter contato com o celular e as redes sociais é entre os 6 aos 8 anos, nunca antes disso.
Com o aumento do tempo em que crianças e adolescente passam nas redes sociais, especialistas evidenciam a importância de estudos e documentos como estes para entender as consequências a curto e longo prazo no desenvolvimento desta nova geração.
“Mais pesquisas examinando associações prospectivas de longo prazo entre uso de mídia social, desenvolvimento neural adolescente e ajuste psicológico são necessárias para entender os efeitos de uma influência onipresente no desenvolvimento dos adolescentes de hoje”, afirmam os pesquisadores da Carolina do Norte.
Em 2020, a Sociedade Brasileira de Pediatra lançou um manual com orientações sobre o uso de telas e internet.