Governo reativa Fundo Amazônia e suspende novas licenças para atiradores
Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse neste domingo (01/01) como presidente do Brasil pela terceira vez e fez um discurso contundente contra o ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro. Lula prometeu mudança drástica de curso para resgatar a nação atormentada pela fome, pobreza e racismo.
Lula disse que a democracia foi a verdadeira vencedora da eleição presidencial de outubro, quando derrotou Bolsonaro na eleição mais tensa de todos os tempos.
“A democracia foi a grande vencedora nesta eleição, superando as mais violentas ameaças à liberdade de voto e a mais abjeta campanha de mentiras e ódio tramada para manipular e constranger o eleitorado”, disse Lula.
A comemoração da posse no Festival do Futuro. (Foto: Agência Brasil)
O novo presidente brasileiro também prometeu investigar eventuais crimes praticados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. “Não carregamos nenhum espírito de vingança contra aqueles que tentaram subjugar a nação aos seus desígnios pessoais e ideológicos, mas vamos garantir o Estado de Direito”, disse Lula, sem citar o nome de Bolsonaro. “Aqueles que erraram responderão por seus erros.”
Lula também acusou o governo Bolsonaro de cometer genocídio ao não responder adequadamente à pandemia de Covid-19 que matou mais de 680 mil brasileiros.
“As responsabilidades por este genocídio devem ser investigadas e não devem ficar impunes”, disse ele.
No primeiro ato de governo, após empossar os novos ministros de Estado, o presidente Lula restaurou a autoridade do Ibama para combater o desmatamento ilegal, que havia sido diluído por Bolsonaro, e revogou uma medida que incentivava o garimpo ilegal em terras indígenas protegidas.
O presidente petista também descongelou o Fundo Amazônia, financiado pela Noruega e Alemanha para apoiar projetos de sustentabilidade e que estava paralisado desde abril de 2019 com R$ 3,2 bilhões em caixa. Lula reforçou seu compromisso de acabar com o desmatamento na Amazônia, que atingiu o maior nível em 15 anos sob a gestão Bolsonaro.
Lula assinou a Medida Provisória que autoriza a manutenção do Bolsa Família no valor de R$ 600 por beneficiário, mais R$ 150 por criança de até 6 anos de idade. Lula assinou também medida que mantém a desoneração de impostos federais PIS/Cofins sobre os combustíveis, além de um decreto sobre armamentos que suspende a concessão de novos certificados de registro para pessoa física para realizar atividades de colecionamento de armas de fogo, tiro desportivo e caça.
O novo presidente assinou um despacho determinando que a Controladoria Geral da União (CGU) reavalie, em 30 dias, as decisões que impuseram sigilo indevido sobre informações da administração pública.
Após a posse no Congresso, Lula e Alckhmin seguiram em um Rolls-Royce conversível até o palácio do Planalto, onde subiram a rampa com as suas respectivas esposas e um grupo diversificado da sociedade civil.
Sem a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro e do vice-presidente, Hamilton Mourão, que se recusaram a participar da transferência de governo, Lula recebeu a faixa presidencial de oito pessoas do povo. Entre elas, um menino e uma mulher negros, um jovem com deficiência física e um indígena, o cacique Raoni, da tribo Kayapó.
Lula recebeu a faixa das mãos da presidente da Central das Cooperativas de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis do Distrito Federal, Aline Sousa.
Depois da posse, milhares de simpatizantes se reuniram para comemorar na esplanada dos Ministérios com show de mais de cem artistas que varou a madrugada.
Em discurso na comemoração com o povo Lula prometeu unir o país e governar para todos os brasileiros.
“Não existem dois Brasis”, disse Lula. “Somos um país, uma grande nação.”
A administração do presidente dos EUA, Joe Biden, desejou sucesso a Lula e ao vice-presidente Geraldo Alckmin.
“Esperamos continuar a forte parceria EUA-Brasil em comércio, segurança, sustentabilidade, inovação e inclusão”, twittou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. “Um brinde a um futuro brilhante para nossos países – e para o mundo.”
O rei Chales III, do Reino Unido, parabenizou Lula pela volta ao cargo em uma carta na qual se ofereceu para aprofundar a cooperação com o Brasil, especialmente na área ambiental.
“Fiquei animado ao ouvi-lo enfatizar a necessidade urgente de enfrentar a crise climática em seu discurso de vitória e na COP27”, escreveu o rei na carta divulgada pela embaixada britânica.
Jornais de vários países comemoraram a posse do novo presidente do Brasil, num tom bastante otimista. De maneira geral, a imprensa internacional prevê o início de uma nova era no país.
The New York Times: “As Lula Becomes Brazil’s President, Bolsonaro Flees to Florida” (Enquanto Lula toma posse, Bolsonaro voa para a Flórida”
“Brazil recebe seu novo presidente, Luis Inacio Lula da Silva. Enfrentando investigações, o ex-presidente Jair Bolsonaro se refugia em Orlando.
Le Monde
Lula investido na presidência do Brasil pela terceira vez
Em seu discurso, Lula promete “reconstruir o o país, com o povo brasileiro” e lembra o “passado desastroso” de seu antecessor.
Le Figaro
Lula investido na presidência do Brasil para um terceiro mandado. Bolsonaro deixa o país rumo aos Estados Unidos, antes do final de seu mandato
Clarín
“Assume Lula no Brasil e ataca Bolsonaro: “Quem errou deverá responder perante a lei”.
Jornal argentino “La Nacion” destaca o discurso de Lula.
La Nacion
Lula jura como presidente do Brasil, pela terceira vez, e ataca Bolsonaro: “Promoveu a barbárie”.
The Guardian
“Veterano da esquerda promete garantir a proteção ambiental e o progresso social, ao assumir a presidẽncia”.
El País Lula, após tomar posse: “Vamos reconstruir o Brasil”
Corriere della Sera
“Lula novamente presidente”. Bolsonaro ausente: voou para a Flórida”.
