Com as festas de Natal, Ano Novo, as viagens de férias, correria e estresse, pronto: está quase completa a receita para o aumento de ataques cardíacos, alguns deles fatais. Para completar esta receita, um outro ingrediente muito comum: as pessoas simplesmente param de tomar os remédios, seja porque estão mais relaxadas e ingerindo bebidas alcoólicas ou por esquecimento.

Para o professor de cardiologia Elliott Marshall Antman, da Escola de Medicina de Harvard, isso ocorre por vários motivos. “O aumento certamente reflete uma mudança no estado normal de um indivíduo, ou seja, se ele estiver tomando medicamentos que controlam sua condição cardiovascular, ao entrar nas férias, ele pode esquecer de tomar o remédio, por exemplo. Outra possibilidade é que muitas pessoas ficam preocupadas com as viagens, ficam estressadas com as festas nesta época do ano e isso pode aumentar a pressão arterial, a frequência cardíaca provocando um desequilíbrio no suprimento de sangue do músculo cardíaco. Isso pode levar a um ataque cardíaco”, segundo ele.

Dr. Elliott, que também é especialista do Hospital Brigham and Women’s, avançou mais em sua análise sobre o impacto do estresse no corpo humano. “Circunstâncias estressantes podem produzir três reações fisiológicas, que convergem no coração de um paciente e nas artérias que levam sangue a ele. Primeiro, a frequência cardíaca pode aumentar em resposta ao estresse. Em segundo lugar, a pressão saguinea também pode aumentar em resposta ao estresse. E a terceira é que a liberação de substâncias como a adrenalina pode causar a constrição das artérias coronárias, limitando ainda mais o fluxo que passa por essas artérias, responsáveis por levar sangue ao músculo cardíaco”, revelou.

Alguns sinais de alerta cardiovascular, ou seja, indicam quando devemos procurar a emergência de um hospital ou chamar uma ambulância. “Indivíduos que estão tendo problemas com o suprimento de sangue para o músculo cardíaco geralmente desenvolvem algum desconforto – uma dor no centro do peito, mas que pode irradiar para o pescoço, mandíbula, ombros ou braços. Ela começa fraca, atinge um pico e depois diminui devagar, mas sem a pessoa apagar”, lembra o Dr. Elliott. Também costuma ocorrer um formigamento, primeiro no braço esquerdo, e depois na perna. Se isto acontecer, não se deve esperar muito. É preciso pedir ajuda.

A foto desta matéria é de Jon Chase/Harvard Staff Photographer