The Washington Post

A Organização Meteorológica Mundial revelou que a Europa é o continente que está esquentando mais rapidamente. Daí o fato de que o calor extremo do verão matou milhares de pessoas nos últimos anos, no continente europeu. E o Ártico, onde o gelo do mar desaparece num ritmo acelerado, o aquecimento ocorre quatro vezes mais rápido do que qualquer outro lugar do planeta.

O Ártico se aquece quatro vezes mais do que outras regiões do planeta. (Foto: Matheus Bertelli / Pexels)

Hoje é comum analisar as regiões onde as mudanças climáticas provocadas pelo homem estão elevando as temperaturas a uma velocidade perigosa. O que poucos cientistas fazem é pesquisar por que partes do planeta estão aquecendo mais lentamente do que outras? Por que esse aquecimento muitas vezes é muito mais lento do que a média global de cerca de 1,1 graus Celsius? Esses questionamentos e o estudo vieram da organização sem fins lucrativos americana Berkeley Earth e foram divulgados pelo jornal Washington Post.

O que assusta é que em vez de oferecer lições sobre como limitar o aumento das temperaturas, esses locais relativamente frios oferecem mais um exemplo de como a humanidade causa danos ao planeta. Eles estão entre os lugares onde a influência do aquecimento global é mais fraca, principalmente por causa de fatores produzidos pelo homem: poluição do ar, buraco na camada de ozônio e derretimento do gelo.

Enquanto a Antártica ocidental é um dos lugares de aquecimento mais rápido da Terra, a parte oriental do continente mais frio do planeta se aquece muito mais lentamente. Os cientistas acreditam que isso ocorra devido ao “buraco” na camada atmosférica de ozônio que atua como um escudo para a luz solar ultravioleta. A teoria é que o buraco altera a circulação dos ventos de grande altitude que controlam o clima de uma forma que torna mais difícil a fuga do ar polar frio, disse Robert Rhode, principal cientista da Berkeley Earth.

Outro fator que explica porque o polo sul da Terra está se aquecendo muito mais lentamente do que o norte: o terreno montanhoso da Antártica, disse Zeke Hausfather, líder de pesquisa climática na empresa financeira Stripe e colaborador da ONG. A elevação média do continente de mais de 2133 metros acima do nível do mar significa neve e cobertura de gelo mais constantes, o que significa uma capacidade de refletir grande parte dos raios solares e impedir que o continente absorva tanta radiação solar. Se a Antártica fosse tão plana quanto o Ártico, segundo um estudo, ela aqueceria muito mais rapidamente.Entre as áreas mais populosas do planeta, a Índia é um dos locais de aquecimento mais lento. Isso ocorre em parte por causa de outro subproduto das emissões de gases do efeito estufa: a poluição do ar. Aerossóis ou partículas finas suspensas no ar geralmente têm um efeito de resfriamento porque bloqueiam e dispersam a luz solar e podem estimular a formação de nuvens, disse Hausfather.

Enquanto os países europeus e os Estados Unidos impuseram regras pesadas para reduzir drasticamente a poluição do ar, a Índia continua a ter um dos piores índices de poluição urbana do mundo, atingindo níveis alarmantes no mês passado.

Isso não quer dizer que os indianos possam escapar do calor extremo, com sua umidade tropical contribuindo para condições opressivas e perigosas. Mas partes do país viram menos de meio grau Celsius de aumento de temperatura em comparação com as temperaturas médias de 1951 a 1980.