INTERNACIONAL

Europa migra para gás natural liquefeito, com alto custo para o meio ambiente

Corte no fornecimento pela Rússia força europeus a buscarem outras fontes de combustível

Por: Carlos Taquari
Da redação | 4 de novembro de 2022 - 21:55

Os países da Europa Ocidental estão ampliando as compras de Gás Natural Liquefeito (GNL), em substituição ao produto transportado via gasodutos, em mais um desdobramento da guerra na Ucrânia. Diante da decisão da Rússia de cortar o fornecimento pelos gasodutos, em represália às sanções econômicas impostas pelo Ocidente, os europeus buscam alternativas no setor de energia.

O problema com o GNL é que sua produção e transporte provoca dez vezes mais emissões de carbono em comparação com o produto transportado via gasoduto. E isso contraria as metas dos países da União Europeia de reduzir as emissões como parte da luta contra o aquecimento global. Nos primeiros nove meses deste ano, houve um aumento de 65% na importação de GNL pela Europa, comparando-se com o mesmo período de 2021.

Como se produz

Para se produzir o GNL o gás natural é refrigerado a uma temperatura de -160 graus Celsius. Quando liquefeito, o gás encolhe e ocupa 600 vezes menos espaço, tornando-se mais fácil de armazenar e transportar. Ao ser utilizado, as emissões de carbono são as mesmas do produto original, não liquefeito. O problema está na quantidade de energia necessária para a liquefação, o que gera mais emissões, além do transporte.

O gás transportado via gasoduto emite 7 quilos de CO2 por barril, enquanto o GNL emite mais de 70 quilos, ou seja, dez vezes mais. Quando a Rússia fechar totalmente as torneiras dos gasodutos que transportam o gás natural para a Europa, em Dezembro, como ameaça Vladimir Putin, os países do continente terão que aumentar em milhões de toneladas as importações de GNL. Com isso, as metas para o combate ao aquecimento global terão que ser adiadas.

Quem vende o GNL

Atualmente, 10 países fornecem Gás Natural Liquefeito para a Europa e a expectativa dos países europeus é que esses fornecedores ampliem o volume de exportações, para cobrir os cortes feitos pela Rússia. Os Estados Unidos são os maiores fornecedores de GNL para a Europa, com cerca de 20 milhões de toneladas anuais. O Catar vem em segundo, com 18 milhões de toneladas/ano. A Rússia ainda fornece 16 milhões de toneladas/ano, mas deve cortar tudo até Dezembro. Os demais países da lista fornecem menos de 10 milhões de toneladas/ano e alguns até a metade desse volume. Esta é a relação atual, pela ordem de quantidade:

Algumas características marcam o mercado internacional de GNL: os navios transportando o produto se dirigem para os compradores que pagam mais, o que provoca uma intensa competição entre os importadores. Além disso, também há preferência para os países que possuem terminais com maior capacidade de armazenamento e facilidade para a transferência. Nesse caso, se destacam o Reino Unido, Bélgica e Itália. A Alemanha, que sempre dependeu do fornecimento da Rússia pelos gasodutos, não se aparelhou devidamente para receber o GNL.

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