Mais de 100 cidades na França tiveram o fornecimento de água suspenso na pior seca em mais de meio século
De Portugal à Alemanha, passando pela Espanha, Itália e França, a Europa permanece sob forte onda de calor, que vem provocando uma das mais intensas secas das últimas décadas. O Observatório Europeu do Clima alerta que a situação deve se estender ao longo do restante do ano, além da ocorrência de invernos mais secos e verões mais quentes nos próximos anos.
De acordo com um levantamento do observatório, dos 45% por cento do território do bloco europeu que chegou a ser declarado em situação de emergência por conta da seca, em Julho, 15% ainda se encontram em estado crítico.
Na França, o Vale do Loire, uma das regiões agrícolas mais importantes, onde são produzidos alguns dos melhores vinhos do País, é uma das mais atingidas pela estiagem. Alguns trechos do Rio Loire secaram completamente. Diversas colheitas de cereais já foram consideradas perdidas. Mas os produtores de vinho ainda apostam em bons resultados.
Mais de 100 cidades francesas tiveram o fornecimento de água suspenso e são atendidas por caminhões-pipa. O Ministro francês para o Meio Ambiente, Christophe Béchu, declarou que a população precisa se acostumar a esse tipo de situação. “A adaptação não é mais uma opção. É uma obrigação”, acrescentou Béchu.
Na Espanha, a seca é considerada a pior dos últimos 60 anos. As reservas de água, em todo o País, caem de forma intensa, diante da combinação de forte evaporação e consumo. Da Andaluzia, no Sul, até a Galícia, ao Norte, o índice pluviométrico caiu em mais de 50% da média, nos últimos três meses.
Na Itália, o Instituto Nacional de Meteorologia considera esse verão como o mais quente e o mais seco na história do País. Nada mais intenso foi registrado nos últimos 230 anos, de acordo com um relatório do Instituto. Estão previstas perdas em vários setores da produção agrícola e uma das mais atingidas é a cultura de arroz, com queda estimada em 60%.
Na Alemanha, a seca provocou o rebaixamento do nível de água do Reno, uma das mais importantes vias fluviais do norte da Europa, que liga os grandes centros industriais do País aos portos de Roterdã, na Holanda, e Antuérpia, na Bélgica. Os navios que passam pela região, transportando petróleo, carvão e outras matérias primas, navegam com apenas 25% de sua capacidade, para evitar que encalhem. Para complicar a situação, o governo foi obrigado a retomar a produção das usinas termoelétricas, movidas a carvão, diante do corte no fornecimento de gás pela Rússia. Esse corte é uma resposta de Moscou às sanções aplicadas pelos países da União Europeia, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.