Mais de 500 membros do Partido Comunista já foram indiciados e podem receber duras penas
O Partido Comunista Chinês revelou que 5 milhões de seus integrantes foram investigados por corrupção, nos últimos anos e 553 já foram indiciados por crimes que vão de cobrar propinas a desfrutar de vantagens indevidas ao lidar com dinheiro público. Outros estão sendo investigados por aceitar privilégios ou por abuso de autoridade.
Único partido permitido no país, o PCC tem 96 milhões de membros. Uma ala do partido é encarregada de vigiar o comportamento e as atividades de todos os membros e também cuida das promoções. Em geral, ascendem nas fileiras aqueles que passam por um rigoroso filtro, que inclui até normas para a vida pessoal. A bigamia, por exemplo, não é permitida e pode resultar em graves punições.
Informações divulgadas no início do Congresso do PCC, dão conta de que mais de 200 membros do partido receberam diferentes tipos de punição, nos últimos dez anos. O combate à corrupção é uma das principais metas do presidente Xi Jinping.
O evento mais importante no calendário político da China, o Congresso do Partido Comunista, iniciado neste domingo, reúne 2.300 delegados de todo o país. O principal ponto do encontro é a reeleição de Xi Jinping como secretário-geral do partido e presidente, o que lhe garante mais um mandato de 5 anos. Com isso, Xi se consolida como o mais poderoso líder político do país, desde Mao Tse-Tung.
Advertência a Taiwan
No pronunciamento de abertura do Congresso do Partido Comunista, o presidente Xi Jinping fez um discurso afinado com a linha dura do partido e declarou que Pequim não vai desistir de retomar o controle de Taiwan, advertindo que poderá recorrer ao uso da força para alcançar esse objetivo. Ele também criticou os Estados Unidos pelo apoio dado a Taiwan, acusando o governo norte-americano de interferir nos assuntos internos da China.
Taiwan é uma ilha situada a cerca de 200 quilômetros da costa Leste da China. Em 1949, Taiwan se declarou independente do regime comunista chinês e optou por um sistema capitalista, que levou grande crescimento econômico à ilha.
Ao ameaçar com o uso da força para retomar Taiwan, Xi segue o exemplo de Vladimir Putin, que já tomou a Crimeia da Ucrânia, em 2014, e com a guerra iniciada há oito meses, ocupa quase um terço do território daquele país.
Em discurso de quase duas horas, Xi aproveitou para mandar um recado a Hong Kong, deixando claro que seu governo vai continuar impondo um controle absoluto sobre o território, que foi devolvido pelo Reino Unido à China, em 1997. Na época da devolução, o governo chinês havia prometido dar autonomia aos habitantes do território, o que nunca aconteceu.
No ambiente do Congresso, no Salão do Povo, o clima deve ser pacífico, graças ao rígido controle policial imposto pelo regime. Mas, nas ruas e nas redes sociais, pela primeira vez em décadas, surgem críticas ao governo. Faixas com críticas ao governo, seja por motivos políticos ou econômicos, têm escapado da rigorosa censura imposta pelo regime aos meios de comunicação e que também vetam qualquer manifestação pública.
Faixas colocadas na ponte Sitong, na região Noroeste da capital e que foram exibidas apenas por alguns minutos, continham frases de um teor incomum no país: “Sem restrições, queremos liberdade. Sem mentiras, queremos dignidade. Sem Revolução Cultural, queremos reforma. Sem líderes, queremos votar. Não sendo escravos, poderemos ser cidadãos”.
O termo Revolução Cultural foi popularizado nos tempos de Mao Tse-Tung, na década de 60, e resumia uma série de imposições do governo que levariam a uma suposta transformação no país. Entre outras medidas, o regime baniu a cultura ocidental – incluindo a proibição de livros, músicas e filmes produzidos no Ocidente que, na opinião dos dirigentes da época, poderiam “contaminar” os chineses. Por exemplo, ouvir Beethoven ou ler um clássico da literatura ocidental resultava em prisão e castigos corporais. A repressão promovida pela Revolução Cultural e pelo regime maoista terminou com a morte de milhões de pessoas.