A tendência de alta da taxa básica de juros para a casa dos 14% abre oportunidades na renda fixa
O juros altíssimos neste momento no Brasil, empurrados para cima pela taxa básica, a Selic, definida pelo Copom, do Banco Central, oferece hoje excelente perspectiva de rentabilidade real para os próximos 12 meses, principalmente para quem investir nos fundos de renda fixa e certificados pré-fixados.
A conta é simples: a taxa Selic acaba de subir para 13,75% ao ano, o que significa que aplicações feitas neste momento vão se balizar na taxa para oferecer rendimento para os próximos 12 meses. Por isso, os bancos e corretoras devem oferecer taxas pré-fixadas de pelo menos 12% até 15%, dependendo do volume de investimentos e período em que o dinheiro vai ficar preso.
Ao mesmo tempo, a projeção do governo e das principais instituições financeiras e estatísticas projetam uma inflação, para os próximos 12 meses, entre 5% e 6%.
Isso significa dizer que uma aplicação que consiga 12,5% líquidos ao ano num CDB, num LCI ou LCA e mesmo um Tesouro Direto pré-fixado, que é uma taxa realista, tende a obter ganho líquido, descontada a perda pela inflação, de pelo menos 6,5%.
Simão Silber, professor doutor de Economia na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo acredita que o Banco Central ainda deve elevar mais um pouco a Selic no mês que vem e, depois, a taxa deve se estabilizar em 14%.
“É uma taxa de juros muito alta, o que favorece as aplicações em renda fixa, mas não em renda variável. Portanto, é um bom momento para quem tem algum dinheiro para poupar”, explica.
Mas o investidor deve ser cuidadoso e perguntar detalhadamente a modalidade de investimento que será oferecida. O objetivo neste momento será obter um rendimento para os próximos 12 meses próximo da taxa da Selic, mas que não sofra com um possível recuo dos juros no futuro – o que é bastante possível, caso a inflação confirme tendência de queda nos próximos meses.
Há, por exemplo, aplicações que pagam fixamente o índice de inflação, IPCA, mais 6% ao ano. Trata-se de opção interessante, porque fica garantido um ganho real significativo já descontada a inflação.
De qualquer forma, trata-se de momento propício para quem não está disposto a correr riscos em bolsa de valores ou mesmo em fundos de renda variável, que podem incluir na carteira ações e títulos de cotação volátil e que, portanto, não garantem vencer a inflação e ainda ter um ganho adicional.
Simão Silber ressalta, porém, o lado negativo da política de juro alto, usada, como de costume, para conter a inflação. “É obvio que o efeito colateral de um juro tão elevado é a desaceleração da produção e do consumo, o que tente a reduzir o emprego neste segundo semestre”, explica.