Uso indiscriminado de dispositivos eletrônicos, como celulares e tabletes, agrava o problema
No mundo mais de 2,5 bilhões de pessoas sofrem de miopia. Somente no Brasil são 59 milhões de pessoas com este problema. E até 2050 metade da população mundial terá dificuldades de visão, segundo a Academia Americana de Oftalmologia.
As medidas de isolamento social durante a pandemia de Covid-19 levaram uma multidão em todo o mundo a aumentar o tempo de exposição às telas de dispositivos eletrônicos, como tabletes, computadores e celulares.
Seja para estudar ou trabalhar, todos nós passamos a depender mais das telas. E o resultado dessa mudança de comportamento social é perceptível. Tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) trata a miopia como uma epidemia no século 21.
A falha no processamento da visão. (Ilustração: OPAS)
A causa da miopia sempre esteve ligada a fatores genéticos, porque o erro refrativo ocorre quando o olho cresce demais, uma característica congênita, que já nasce com o indivíduo. A maioria da população brasileira tinha olhos pequenos, mas essa realidade está mudando.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a epidemia de miopia está associada à mudança no estilo de vida das pessoas. Dados da Sociedade Brasileira de Oftalmologia indicam que a cada dez diagnósticos de miopia, apenas um tem causa genética.
Uma dos fatores de crescimento anormal do olho, que pode levar ao erro refrativo, é a redução da produção de dopamina, o hormônio que regula o controle de crescimento do globo ocular. De acordo com os oftalmologistas, quem passa muito tempo em ambientes fechados, em contato com as telas de aparelhos eletrônicos, força a vista e é um sério candidato(a) a sofrer de miopia adquirida.
Dra. Kemi Salami alerta para medidas de prevenção. (Foto: Instagram)
Outro hormônio importante para a saúde ocular é a melatonina que é produzida durante o sono. Como as pessoas estão dormindo menos porque ficam horas e horas na frente das telas, também apresentam mais chance de desenvolver a miopia.
O uso de dispositivos eletrônicos próximos aos olhos aumenta o esforço de acomodação ocular. O músculo dos olhos funciona como uma espécie de zoom para capturar as imagens do mundo exterior. E com o uso das telas o músculo é forçado a fazer esse trabalho de maneira repetitiva, o que pode desencadear a miopia.
A Dra. Kemi Salami, médica especialista em glaucoma clínico e cirúrgico pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp e fundadora da clínica “A beleza do olhar”, lista algumas medidas de prevenção.
Especialmente na fase de crescimento, a médica recomenda que pais e responsáveis conversem com crianças e adolescentes para que fiquem menos tempo em ambientes fechados e usem menos equipamentos eletrônicos. Dependendo da idade, essa exposição não deve ultrapassar três horas diárias e, no caso de crianças menores de dois anos de idade, não pode haver nenhum tipo de exposição a telas, reforça a Dra. Kemi.
No mais, a médica recomenda, além do uso moderado das telas, a prática de atividades ao ar livre e o cuidado com a postura, para os olhos não se acostumarem com a leitura distante.
