CIÊNCIA

Vasos guardam segredos da mumificação no antigo Egito

Descoberta revela como os egípcios mumificavam seus mortos na esperança de que eles alcançassem a vida eterna

Por: Carlos Taquari
Da redação | 4 de fevereiro de 2023 - 21:55

Vasos encontrados num sítio arqueológico em Saqqara guardavam os segredos do processo de mumificação, utilizado ao longo de milhares de anos pelos habitantes do antigo Egito.

No local, situado a uma hora de carro do Cairo, os arqueólogos encontraram 31 vasos de cerâmica. Etiquetas coladas nos vasos indicavam quais os tipos de materiais eram armazenados e como deveriam ser utilizados.

O resultado da pesquisa, liderada por arqueólogos de universidades da Alemanha, foi publicado pela revista Nature.

Pela primeira vez, os cientistas conseguiram desvendar alguns segredos utilizados pelos egípcios para preparar os corpos de modo que eles pudessem resistir à ação do tempo, por milhares de anos.

De acordo com a crença dos antigos egípcios, com a mumificação, os mortos deveriam alcançar a vida eterna.

Agora, os arqueólogos desvendaram o mistério que cercava os preparados utilizados.

Maxime Rageot, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, explica: “A substância rotulada pelos antigos egípcios como ‘antiu’ era traduzida como mirra ou incenso, mas agora conseguimos mostrar que, na verdade, trata-se de uma mistura de ingredientes muito diferentes. Separamos esses preparados com auxílio da cromatografia e espectrometria de massa”.

Após a separação, os pesquisadores descobriram que o antiu usado em Saqqara era uma mistura de óleo de cedro e óleo de cipreste, ou zimbro, com gordura animal.

Inscrições históricas relatavam o uso de um outro material conhecido apenas como “óleo sagrado”. Agora, os cientistas descobriram que se trata de uma mistura de óleos de pistache e de rícino. Essa mistura era usada especificamente na cabeça das múmias.

O estudo publicado pela Nature revela ainda que foram identificadas misturas específicas de óleos aromáticos e antissépticos, usadas para embalsamar a cabeça e preparar as bandagens.

O sítio arqueológico de Saqqara, com a pirâmide de Unas ao fundo. (Foto: © Saqqara Saite Tombs Project, University of Tübingen, Tübingen, Germany. Photographer: S. Beck)

Uma outra curiosidade descoberta pelos pesquisadores alemães é que vários materiais utilizados no processo de mumificação eram trazidos de outros países, muito distantes.

Phillip Stockhammer, da Universidade Ludwig Maximilian, de Munique, que dividiu o trabalho com Maxime Rageot, explica: “a mairo parte da substâncias usadas para o embalsamento não era do Egito. Algumas delas eram trazidas de locais situados às margens do Mediterrâneo ou da África e até do Sudeste Asiático”.

O sítio arqueológico descoberto em Saqqara pertencia à 26a dinastia do Egito, que reinou dos anos 664 a.C. até 525 a.C.

(Na foto de Capa, uma ilustração de Nikola Nevenov, reproduzindo a cerimônia de mumificação no Egito antigo, para o Saqqara Tombs Project)

 

 

 

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