Escritor peruano se torna o primeiro autor de língua estrangeira a entrar na instituição
O escritor Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura de 2010, tomou posse ontem na Academia Francesa de Letras, transformando-se no primeiro escritor de língua não francesa a ingressar na instituição. Vargas Llosa havia sido eleito em Novembro de 2021 para a Academia como membro da Academia fundada, em 1635, pelo Cardeal Richelieu, uma das figuras de maior destaque na história da França.
A presidente da Academia, Hélène Carrère d’Encausse, que defendeu com empenho a eleição de Vargas Llosa, afirmou: “Não conheço ninguém que conheça tão bem Flaubert como ele. Tem contribuído para a divulgação da cultura francesa mais do que muitos escritores franceses”.
Em seu discurso de posse, Vargas Llosa falou sobre a importância da literatura para todos os povos e afirmou: “a ficção salvará a democracia ou perecerá com ela”. Em seguida, reservou boa parte do discurso para criticar a Rússia pela invasão da Ucrânia.
Referindo-se ao presidente russo, Vladimir Putin, ele declarou: “Vemos como ele ataca a desafortunada Ucrânia, e como fica extremamente surpreso quando esta nação resiste, apesar de sua superioridade militar, suas bombas atômicas e suas tropas numerosas”, acrescentou. Segundo o escritor, “como na ficção, aqui os fracos triunfam sobre os fortes, porque a justiça de sua causa é infinitamente maior do que a dos últimos, supostamente poderosos”.
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Obra literária
Além de escritor, jornalista, ensaísta e professor, Mario Vargas Llosa tem uma das mais importantes obras da literatura contemporânea. Entre seus livros, destacam-se: Batismo de Fogo, Conversa na Catedral, Tia Júlia e o Escrevinhador e A Festa do Bode, onde critica duramente a ditadura de Rafael Trujillo, que ficou 31 anos no poder, na República Dominicana. Em outra importante obra, A Guerra do Fim do Mundo, ele reconta a Guerra dos Canudos e a história de Antônio Conselheiro, um dos momentos mais dramáticos da história do Brasil. Para escrever esse livro, o autor viajou pelo sertão da Bahia e Sergipe, percorrendo todos os locais por onde passou o Conselheiro o homem que, com seus discursos, segundo se dizia, era capaz de levar as multidões de fiéis à loucura.
A foto desta reportagem está liberada pela Académie Française.