Autoridade americana critica marketing que mostra cannabis como inofensiva
O Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos (NIDA) emitiu alerta sobre o consumo regular de maconha, que pode causar danos permanentes ao desenvolvimento do cérebro de jovens de 20 anos ou mais.
A principal agência federal de apoio à pesquisa científica sobre uso e dependência de drogas dos Estados Unidos estima que atualmente 48 milhões de americanos usam a droga de forma regular. E o número de usuários não para de crescer.
O consumo é o maior da história entre o público de 19 a 30 anos. Um em cada dez americanos nessa faixa etária admite usar maconha todos os dias.
Pesquisadores do NIDA entrevistaram cinco mil jovens de um grupo nacionalmente representativo na faixa etária de 19 a 30 anos. A pesquisa revelou que 43% dos entrevistados disseram que usaram maconha pelo menos uma vez no ano passado, consumo 25% maior do que o registrado há uma década.
Cerca de 29% também admitiram usar a droga todos os meses. Enquanto 11% disseram que usam a cannabis diariamente, mais ou menos, 20 vezes por mês – o dobro do nível de uma década atrás.
Pesquisas realizadas pela agência mostram que o uso regular de maconha pode apresentar riscos à saúde, ao desenvolvimento mental e afetar a vida social dos usuários, principalmente dos jovens.
De acordo com Volkow, o consumo da droga é potencialmente perigoso para o cérebro, que se desenvolve até os vinte e poucos anos de idade. Estudos mostram que mesmo fumar apenas uma vez por mês pode levar a problemas cardíacos. Outras pesquisas sugerem que o consumo feito uma vez por semana pode causar danos ao cérebro.
Para a especialista em segurança de drogas, o aumento no consumo de cannabis nos Estados Unidos se deve à legalização que ocorreu em muitos estados, tornando-a mais atraente para o público jovem.
A explosão de consumo ganhou força com a adoção de estratégia de apresentação pela indústria da cannabis, que fatura US$ 30 bilhões. Volkow cita que é comum a oferta de doces e bombons que levam maconha na receita e são apresentados em embalagens coloridas e com personagens animados para atrair o público jovem.
As autoridades de saúde entendem que os jovens são mais vulneráveis e estão mais propensos ao vício e dependência do que os adultos. Neste caso, a maior disponibilidade e o maior uso significam mais casos de ansiedade, depressão, psicose e até suicídio, destaca a psiquiatra.