ECONOMIA

Vai para a Argentina? Não pague com cartão. Leve dólar ou faça remessa

Para estrangeiros, o uso do cartão de crédito dobra o valor da fatura; com a inflação, os pagamentos são feitos com maços de notas

Por: Daiana Rodrigues Pereira
Da redação | 27 de outubro de 2022 - 21:56

Com a forte desvalorização do peso e a inflação beirando os 100% ao ano, pagar as contas na Argentina, mesmo as pequenas transações, virou um transtorno. Os turistas, mais do que os moradores locais que usam cartões de débito, acabam levando maços de notas para fazer os pagamentos em lojas ou restaurantes. Para complicar, o governo argentino se recusa a emitir notas de maior valor, alegando que prefere incentivar o sistema digital de pagamentos.

Por enquanto, a nota mais valiosa no país é de 1.000 pesos. No câmbio oficial, vale 6,43 dólares. Mas, com todas as restrições impostas pelo governo para a moeda estrangeira, os turistas e argentinos acabam indo para o mercado paralelo onde compram 1.000 pesos com apenas 3,44 dólares.

Isto significa que, se um turista paga uma conta em cash, com dinheiro comprado no paralelo (ou blue, como chamam lá), ele vai pagar praticamente a metade do preço.

Se o turista usar o cartão de crédito, a máquina converte automaticamente para o câmbio oficial, que é quase o dobro do paralelo.  “Não há razão para nenhum turista pagar com cartão de crédito, é literalmente 50% a mais”, afirmou Oscar Salem, fundador da consultoria BCM Partners.
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Movimento de turistas na Calle Florida em Buenos Aires (Foto: álbum de família)

O uso de grandes maços de notas para pagar as contas em pesos argentinos repete situação parecida com a vivida pela população da Venezuela, que há anos enfrenta uma hiperinflação, com forte desvalorização da moeda local.

Na Argentina, o Banco Central elevou a taxa de juros para 75%, com a possibilidade de novos aumentos. Com a economia praticamente estagnada, o nível da pobreza também cresce.

Cerca de 35% da população vive na linha de pobreza e muitos acabam indo aos lixões para procurar objetos para vender e conseguirem algum dinheiro. Os programas governamentais tentam ajudar a população por meio de auxílios como o “Chefes de família”, parecido com o Bolsa Família brasileiro, apesar dos recursos limitados do Estado.

Brasileiros e remessas

Por outro lado, o turismo está sendo aquecido por pessoas de outros países, que estão aproveitando a situação da Argentina para fazer uma visita. Os brasileiros, principalmente. Fazendo a conversão, um real equivale a 29 pesos. Pelo “câmbio paralelo” no país a troca é ainda melhor, superado os 57 pesos.

E uma boa fórmula de ter dinheiro lá pelo vantajoso câmbio “blue” e fazer remessas por empresa como a West Union. A remessa feita aqui chega lá em segundos e pode ser retirada em qualquer das dezenas de postos de Buenos Aires e Córdoda, por exemplo.

O câmbio é muito favorável, pode-se combinar com algum parente que envie aos poucos o dinheiro (que precisa ser sacado integralmente quando chega na Argentina) e não há o risco de ter que trocar a moeda nas chamadas “cuevas”, propagandeadas pelos chamados “arbolitos”, que entoam “câmbio, câmbio, câmbio” em ruas do centro, como a Calle Florida, e nem sempre são confiáveis.

*Colaborou Ismael Pfeifer
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