MEIO AMBIENTE
AP e NOAA

Trilhões de pedaços de plástico poluem os oceanos

Esse material mata os peixes e animais marinhos e leva centenas de anos para se decompor

Por: Lucas Saba
Da redação | 8 de março de 2023 - 17:41
AP e NOAA

A concentração de lixo plástico nos oceanos aumentou de forma acentuada nos últimos anos e cálculos aproximados indicam que mais de 171 trilhões de pedaços desse material estão flutuando nos mares do mundo, segundo cientistas do Gyres Institute,  organização americana sem fins lucrativos. De acordo com os pesquisadores o material demora em média 450 anos para se decompor e, nesse processo, mata peixes e boa parte da vida marinha, já que os animais confundem o plástico com comida e acabam ingerindo.

Na semana passada, mais de 100 países assinaram o histórico tratado de Alto Mar da ONU com o objetivo de proteger 30% dos oceanos. Isso foi uma resposta aos estudos que indicam um aumento de mais de dez vezes, desde 2005, quando a quantidade estimada era de 16 trilhões de pedaços.

Oceanos plásticos

Para produzir essa nova estimativa, um grupo de cientistas analisou registros a partir de 1979 e adicionou dados recentes coletados em expedições que percorrem os mares com redes para coletar plásticos. O material encontrado em redes é adicionado a um modelo matemático para produzir uma estimativa global.

As 171 trilhões de peças são compostas de plásticos descartados recentemente e peças mais antigas que quebraram, disse o principal autor do estudo, Dr. Marcus Eriksen, do 5 Gyres Institute. Plásticos de uso único, como garrafas, embalagens, equipamentos de pesca ou outros itens, se decompõem com o tempo em pedaços menores devido à luz solar ou à degradação mecânica.

Baleias, aves marinhas, tartarugas e peixes confundem o plástico com suas presas e podem morrer quando o plástico enche seus estômagos. Eles também chegam à água potável, e microplásticos foram encontrados em pulmões, veias e placenta humanos. Os pesquisadores dizem que ainda não sabemos até que ponto os microplásticos afetam negativamente a saúde humana.

A maior concentração de plástico oceânico está, atualmente, no Atlântico Norte, com algumas grandes massas flutuantes encontradas em outros lugares, incluindo a Grande Mancha de Lixo do Pacífico. Os autores também sugerem que a mudança nos níveis de poluição antes de 2000 pode ser resultado de tratados ou políticas que regem a poluição. Na década de 1980, vários acordos internacionais obrigaram os países a parar de descartar material de pesca e plásticos nos oceanos, assim como limpar certas quantidades.

Estes foram posteriormente seguidos por acordos voluntários que, segundo os cientistas, podem ter sido menos eficazes e poderiam explicar o aumento de plásticos por volta de 2000 em diante. Os pesquisadores argumentam que as soluções devem se concentrar na redução da quantidade de plástico produzido e usado, em vez de limpar os oceanos e reciclar os plásticos, porque é menos provável que isso interrompa o fluxo de poluição.

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