Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig fizeram descobertas que melhoram a forma como a sociedade lida com crises financeiras
A Real Academia Sueca de Ciências concedeu o Prêmio Nobel de Economia para três americanos. Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig, foram laureados pelas pesquisas sobre o papel dos bancos na economia e como a sociedade lida com crises financeiras. Os laureados defendem que evitar colapsos de bancos é vital para a sociedade. Os três vão dividir o prêmio de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a R$ 4,6 milhões.
Os três economistas desenvolveram pesquisas que mostram como tornar os bancos menos vulneráveis a crises financeiras através da regulação dos mercados. Suas análises foram de grande importância prática na regulação dos mercados financeiros e no tratamento de crises financeiras.
As pesquisas realizadas pelos ganhadores do Prêmio Nobel analisam os conflitos existentes entre a necessidade de canalizar recursos da poupança para investimentos e o desejo dos poupadores de terem acesso instantâneo ao seu dinheiro em caso de gastos inesperados ou mesmo durante uma crise financeira.
Em sua teoria, Diamond e Dybvig mostram como os bancos oferecem uma solução para esse problema. Atuando como intermediários que aceitam depósitos de muitos poupadores, os bancos podem permitir que os depositantes acessem seu dinheiro quando quiserem, ao mesmo tempo em que oferecem empréstimos de longo prazo aos tomadores.
No entanto, sua análise também mostrou como a combinação dessas duas atividades torna os bancos vulneráveis a rumores sobre seu colapso iminente. Se um grande número de poupadores correr simultaneamente para o banco para retirar seu dinheiro, o boato pode se tornar uma profecia autorrealizável – ocorre uma corrida ao banco e o banco entra em colapso. Essas dinâmicas perigosas podem ser evitadas se o governo fornecer seguro de depósito e atuar como credor de última instância para os bancos.
Diamond demonstrou como os bancos desempenham outra função socialmente importante. Como intermediários entre muitos poupadores e mutuários, os bancos são mais adequados para avaliar a qualidade de crédito dos mutuários e garantir que os empréstimos sejam usados para bons investimentos.
Ben Bernanke analisou a Grande Depressão da década de 1930, a pior crise econômica da história moderna. Entre outras coisas, ele mostrou como as corridas bancárias foram um fator decisivo para que a crise se tornasse tão profunda e prolongada. Quando os bancos entraram em colapso, informações valiosas sobre os mutuários foram perdidas e não puderam ser recriadas rapidamente. A capacidade da sociedade de canalizar a poupança para investimentos produtivos foi, assim, severamente diminuída.
“Os insights dos laureados melhoraram nossa capacidade de evitar crises sérias e resgates caros”, diz Tore Ellingsen, presidente do Comitê do Prêmio em Ciências Econômicas.