CIÊNCIA
European Space Agency - ESA

Tráfego congestionado de satélites no espaço. Uma nova ameaça

Lixo espacial pode provocar perigosas colisões, além de prejudicar as comunicações na Terra

Por: Marcelo Bonfá
Da redação | 10 de março de 2023 - 21:55
European Space Agency - ESA

Pelo menos 9 mil satélites circulam de um lado para o outro, no espaço extra-terrestre e esse número deve chegar a dezenas de milhares, até o final da década, tendo em vista o rápido desenvolvimento das telecomunicações e do mundo digital. Esses números não incluem os satélites desativados, que continuam em órbita, além de pedaços de outros que já se desmantelaram.

Tanto o tráfego congestionado no espaço como esses pedaços que circulam sem controle, mantidos em órbita apenas pela força gravitacional, constituem uma ameaça ao planeta. De um lado, existe o risco de queda de algumas partes sobre áreas habitadas. De outro, podem causar grandes transtornos para as telecomunicações.

Estudo, publicado na revista Science, alerta que esses detritos deixados em órbita podem causar várias colisões catastróficas, acima da nossa atmosfera, destruindo os nossos sistemas de comunicação. Diante desse risco, os cientistas estão propondo um tratado jurídico internacional para garantir que a Terra não sofra danos irreparáveis.

“A questão da poluição plástica e muitos outros desafios enfrentados nos oceanos estão na pauta do mundo inteiro. No entanto, tem havido uma ação colaborativa limitada. Agora, estamos em uma situação semelhante com o acúmulo de detritos espaciais”, disse o Dr. Imogen Napper, pesquisador da Universidade de Plymouth, no Reino Unido. O especialista continua: “Levando em consideração o que aprendemos em alto mar, podemos evitar os mesmos erros e trabalhar coletivamente para impedir uma tragédia no espaço. É fundamental um acordo global”.

O estudo, publicado na revista Science, coincide com quase 200 países concordando com um tratado para proteger os oceanos – resultado de um processo de 20 anos. A sociedade precisa levar as lições aprendidas de uma parte do nosso planeta para outra, argumenta a equipe internacional.

Segundo a revista, o número de satélites em órbita pode sair dos atuais 9.000 para mais de 60.000 até 2030. As estimativas mostram que já existem mais de 100 trilhões de pedaços não rastreados de satélites antigos circulando em volta do nosso planeta.

Os autores do estudo afirmam que a sustentabilidade dos satélites deve ser aplicada e podem se inspirar em acordos semelhantes aos propostos no Tratado Global de Plásticos, por exemplo.

“Para enfrentar os problemas planetários, precisamos reunir cientistas de todas as disciplinas para identificar e acelerar soluções. Como bióloga marinha, nunca imaginei escrever um artigo sobre o espaço, mas, por meio dessa pesquisa colaborativa, identifiquei muitos paralelos com os desafios de lidar com questões ambientais no oceano. Só precisamos melhorar a absorção da ciência na gestão e na política”, diz Heather Koldewey, Conselheira Técnica Marinha Sênior da Sociedade Zoológica de Londres.

No ano passado, um criador de ovelhas australiano acordou e encontrou um grande pedaço de detrito de satélite em seu jardim. Será que isso é normal?

A imagem que ilustra esta reportagem é da Starlink / Divulgação / Twitter

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