A câmera infravermelha do equipamento rastreou os filamentos de gás e poeira que alimentam o berçário estelar.
Muitas estrelas estão nascendo em NGC 346, uma região a cerca de 200.000 anos-luz da Terra. Essa descoberta só foi possível através da imagem captada pelo Supertelescópio Espacial James Webb. O anúncio foi feito na 241ª reunião da Sociedade Americana de Astronomia, em Seattle, no Estado de Washington.
A câmera infravermelha do equipamento conseguiu rastrear os nós, arcos e filamentos de gás e poeira que estão alimentando este berçário estelar. Cada ano luz tem cerca de 9,4 trilhões de quilômetros.
A NGC 346 está inserida em uma galáxia satélite da nossa própria Via Láctea chamada Pequena Nuvem de Magalhães e é usada como laboratório para estudar os processos de formação estelar.
O aglomerado tem concentrações relativamente baixas de elementos mais pesados que o hidrogênio e o hélio.
Como tal, as condições imitam, até certo ponto, aquelas que existiam muito antes na história do Universo, quando o nascimento das estrelas estava no auge – um período conhecido como “Aurora Cósmica”, cerca de três bilhões de anos após o Big Bang.
“Pela primeira vez, podemos ver a sequência completa da formação de estrelas em outra galáxia”, disse Olivia Jones, do Centro de Tecnologia de Astronomia do Reino Unido (UK ATC) em Edimburgo.
Há gás sendo energizado nesta imagem a temperaturas de 10.000 graus centígrados. Em contraste, o Webb também detecta gás frio a -200 graus centígrados.
Os astrônomos se referem a “metais” quando tratam dos elementos mais pesados que o hidrogênio e o hélio. É o material necessário para fazer planetas.
Os registros revelam que essa formação planetária teria sido possível no início do Universo, no Cosmic Dawn, explicou a Dra. Margaret Meixner, astrônoma da Associação Universitária de Pesquisa Espacial em Maryland, EUA.
“A metalicidade na Pequena Nuvem de Magalhães é comparável à época de pico da formação de estrelas no Universo. É quando estamos basicamente produzindo a maioria das estrelas do Universo. E isso é muito interessante porque significa que planetas podem estar se formando, em torno de uma massa de estrelas”, disse a pesquisadora.
Câmera infravermelha do Telescópio Espacial James Webb da NASA mostra um aglomerado dinâmico de estrelas em NGC 346, que fica a 200.000 anos-luz de distância da Terra. Foto: NASA/ESA/CSA/STSCI/A.PAGAN